Bomba atômica

Nassif: ‘Temer vai resistir a renunciar porque, sem fórum privilegiado, vai preso’

Para jornalista, momento é “um dos capítulos mais escabrosos da história política do país, do envolvimento da alta política com o narcotráfico, último ponto para a desmoralização final da política”

Reprodução/Youtube

“Carmen Lúcia não tem estrutura psicológica para segurar uma presidência da República”, diz jornalista

São Paulo – “O governo Temer acabou. Ele vai resistir a renunciar porque, sem fórum privilegiado, ele vai preso. No caso de Aécio, vêm à tona todas as desconfianças em relação ao envolvimento com o narcotráfico. Os R$ 2 milhões que pediu para pagar advogado, entregou para uma empresa do Zezé Perrella lavar.” A opinião é do jornalista Luis Nassif, em vídeo postado em seu blog GGN.

Para Nassif, as delações da JBS contra Michel Temer e Aécio Neves configuram “um dos capítulos mais escabrosos da história política do país, (do) envolvimento da alta política com o narcotráfico, o último ponto que faltava para a desmoralização final da política”.

O jornalista discorda das teorias da conspiração, segundo as quais o aparecimento dos vídeos com as denúncias, autorizado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Edson Fachin, e sua divulgação pelos veículos da Globo, incluindo jornais e televisão, escondem intenções obscuras ainda não reveladas. “As delações da JBS contra Temer e Aécio foi um dado fora das previsões. Não dá para achar que foi algo articulado, pelo fato de a Globo ter dado o destaque que deu. Não houve planejamento nenhum. Foi um dado imprevisível”, disse no vídeo.

Para Nassif, as razões que levaram os irmãos Joesley e Wesley Batista a fazerem a delação foi a preservação da empresa, o que exigiria uma ação rápida junto à Procuradoria Geral da República e à justiça norte-americana. De acordo com sua análise, está nítida a chantagem do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha.

Outro ponto destacado por Nassif é que a Operação Carne Fraca expôs demais a JBS e foi “uma operação desastrada de um delegado exibicionista (Maurício Moscardi), e provocou todo aquele alarde sobre a carne brasileira”. Por outro lado, o processo que redundou na bomba contra Temer e Aécio “tirou a JBS do amadorismo monumental da Lava Jato”.

Na opinião de Nassif, se o fim do governo Temer já é um fato, os desdobramentos da crise monumental ainda não estão claros. “Se ele vai renunciar amanhã, depois, se vai esperar o TSE, se vai negociar sua não prisão, isso vai pras calendas”, diz. Para ele, a possibilidade de ter Rodrigo Maia na presidência da República seria pelo menor prazo possível. “É um barra pesada, filho de César Maia, genro do Moreira Franco e apaniguado do Temer.”

Enquanto a oposição vai lançar (já lançou) campanha das diretas já, “o sistema desarticulado com essa delação, não tendo tempo de inabilitar Lula” está em crise. “Por um lado, sob a ótica do ‘sistema’, como aceitar diretas com Lula? De outro lado, como chegar a um mínimo de consenso sem Lula?”

Para Nassif, a terceira alternativa seria a escolha de um nome “que pudesse fazer a mediação”. “Com todas as restrições que se possa ter contra ele, a pessoa que melhor se encaixa nessa possibilidade é o Nelson Jobim.” Jobim foi ministro da Defesa de Lula, da Justiça, de Fernando Henrique Cardoso, e ex-presidente  do STF.

O jornalista avalia que as especulações em torno da presidenta do STF, Cármen Lúcia, não têm fundamento. “Cármen Lúcia não tem nenhuma estrutura psicológica para segurar uma presidência da República. ‘Malemá’ está dando conta do Supremo”, diz.

Confira o vídeo: