Semana tensa

Juíza que proibiu acampamento em Curitiba aplaudiu condução coercitiva de Lula

Diele Denardin Zydek, da 5ª Vara da Fazenda Pública de Curitiba, atendeu pedido da prefeitura e restringiu a organização de atos em prol do ex-presidente em seu depoimento a Sergio Moro

Orlando Kissner/Fotos Públicas

Em março de 2016, manifestantes fizeram ato em frente ao prédio da Justiça Federal, em Curitiba, contra a nomeação de Lula como ministro de Dilma Rousseff. Não houve qualquer restrição

São Paulo – A juíza substituta Diele Denardin Zydek, da 5ª Vara da Fazenda Pública de Curitiba, que proibiu atos públicos na região da sede da Justiça Federal da capital paranaense, onde o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva prestará depoimento ao juiz Sergio Moro, tem diversas postagens contra o petista em seu perfil no Facebook.

Em uma das publicações, de 4 de março de 2016, ela saudou a condução coercitiva do ex-presidente, determinada por Moro. “E hoje a casa caiu para o Lula…”, escreveu, junto a ícones de aplausos. Já no dia 16 do mesmo mês, chamou a nomeação do petista para a Casa Civil do governo Dilma como “situação vergonhosa”, afirmando que era “triste ver esse tipo de manobra criminosa”.

No dia em que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes barrou a nomeação de Lula, Zydek celebrou, postando: “Lula assustado com a República de Curitiba! Que bom! #curitibacapitaldobrasil”. Ela também compartilhou postagens de organizações como o Vem Pra Rua, convocando para manifestações a favor do impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff, do Movimento Brasil Livre (MBL), além de outras publicações elogiosas à Operação Lava Jato e a Sergio Moro.

A decisão da juíza, publicada na última sexta-feira (5), atende a um pedido da prefeitura de Curitiba, que considerou risco de “ameaça de violência iminente” caso locais públicos sejam ocupados por manifestantes na região onde será tomado o depoimento do ex-presidente. O Interdito Proibitório movido pela administração municipal cita o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e “demais movimentos”. Segundo a magistrada, “os direitos fundamentais consistentes na liberdade de pensamento e de reunião/manifestação não podem se sobrepor ao direito de locomoção, ao direito à segurança e à propriedade”.

A juíza determinou o estabelecimento de dois perímetros de segurança em torno do prédio da Justiça Federal, com multa de R$ 50 mil para veículos e pessoas não autorizadas que adentrem à circunscrição mais externa e R$ 100 mil para a mais próxima da sede. A “montagem de estruturas e acampamentos” em ruas e praças da cidade está sujeita à multa diária de R$ 50 mil. Todas as restrições valem do período compreendido entre as 23h desta segunda-feira (8) e as 23h de quarta-feira (10).

Em nota, a Frente Brasil Popular repudiou a decisão. “A medida é uma forma de criminalização dos movimentos sociais, porque busca impedir a vinda pacífica e democrática de milhares de pessoas que buscam debater os rumos da democracia, entre os dias 9 e 10 de maio, os atuais ataques contra os direitos sociais pelo governo Temer, assim como o papel hoje político cumprido pelo Judiciário”, diz o texto.

Com informações de CartaCapital