Velhos tempos

O padrão Eduardo Cunha está de volta à Câmara dos Deputados

Rodrigo Maia ressuscita prática do ex-presidente da casa, que, quando derrotado em votação, reapresentava texto alternativo e promovia votações até conseguir a vitória

Gustavo Lima e Luis Macedo/Câmara dos Deputados

Rodrigo Maia (à dr.) promove ressurgimento do modelo Eduardo Cunha de condução dos trabalhos na Câmara

São Paulo – Na segunda votação do regime de urgência da reforma trabalhista (Projeto de Lei 6.787), na quarta-feira (19), alguns deputados protestaram contra o “padrão Eduardo Cunha” na condução do processo pelo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ). O deputado Glauber Braga (Psol-RJ) atacou “essa história de que o jogo só vale quando é favorável”. Foi uma referência à prática do então presidente da casa, que, quando derrotado em votação, reapresentava texto alternativo muito semelhante ao derrubado e conseguia sua aprovação.

“O nome disso é ‘regimento Eduardo Cunha’. A gente não pode permitir que isso aconteça novamente na Câmara dos Deputados”, protestou Braga, contra a prática adotada por Maia em favor do presidente Michel Temer.

O deputado Chico Alencar (Psol-RJ) também lembrou os métodos do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha como “useiro e vezeiro” em promover votações até conseguir a vitória. “Essa pressa para a desregulamentação dos direitos trabalhistas é a pressa de quem tem medo das ruas”, disse. 

Maria do Socorro Sousa Braga, cientista política da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar), diz que a sensação na votação da urgência da reforma trabalhista é de ressurgimento do modelo Cunha de condução dos trabalhos. “Precisaria saber como eles conseguiram mudar essa votação, o que deram em troca. A impressão é de que a forma de Cunha agir voltou. E provavelmente vai ser assim o tempo todo”, observa.

Para o também cientista politico Humberto Dantas, da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fespsp), trata-se da “velha política agindo, o jeito antigo de se fazer política”. “O Brasil não está pronto para fazer política de forma moderna. E por isso, às vezes, a gente vai enxergar essas truculências, essas formas heterodoxas de conseguir aprovações.” 

Leia também

Leia também

Últimas notícias