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Confissão de Temer sobre impeachment será usada como prova no STF por defesa de Dilma

Durante entrevista à rede Band no último sábado (15), presidente admitiu que o processo contra Dilma começou por vingança de Cunha contra o PT, que votou por sua cassação no Conselho de Ética

reprodução/Bandeirantes

“Que coisa curiosa!”: Temer afirma que se o PT tivesse votado a favor de Cunha, Dilma não teria sido afastada

São Paulo – O presidente Michel Temer (PMDB-SP) admitiu que o processo de impeachment contra a então presidenta Dilma Rousseff (PT-RS) teve início quando o PT negou votos contra pedido de cassação do deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), então presidente da Casa, por quebra de decoro parlamentar. Para o advogado de Dilma, o ex-ministro da Justiça Eduardo Cardozo, o episódio relatado por Temer é uma “confissão” e “prova de que Cunha abriu o processo por vingança”. 

A defesa de Dilma pede ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta segunda-feira (17) para que trecho da entrevista dada pelo presidente à TV Bandeirantes no último sábado (15) seja incluído como fato relevante que atesta que o processo de afastamento teve desvio de finalidade em sua origem. “A prova de que Dilma foi vítima de uma vingança está reforçada pelo que disse Michel Temer”, afirmou Cardozo.

Em uma ocasião, ele (Eduardo Cunha) foi me procurar. Ele me disse ‘vou arquivar todos os pedidos de impeachment da presidente, porque prometeram-me os três votos do PT no conselho de ética'”, contou Temer, durante a entrevista, visando a reduzir o seu papel na trama do impeachment.

Temer relatou ter ficado satisfeito com a notícia, pois a atuação oposicionista de Cunha, segundo ele, lhe causaria certo embaraço como vice-presidente. Ele chegou, inclusive, a comentar a decisão com a presidenta Dilma, durante reunião com governadores. 

“No dia seguinte, eu vejo logo o noticiário dizendo que o presidente do PT e os três membros do partido se insurgiam contra aquela fala e votariam contra (Cunha no Conselho de Ética). Mais tarde, ele (Cunha) me ligou e disse ‘tudo aquilo que eu disse, não vale, vou chamar a imprensa e vou dar início ao processo de impedimento'”.

Que coisa curiosa! Se o PT tivesse votado nele naquele comitê de ética, seria muito provável que a senhora presidente continuasse”, concluiu, com desfaçatez, o presidente.

Segundo Cardozo, a prova de que Dilma foi vítima da vingança de Cunha, e que o processo de impeachment teve como origem esse desvio de finalidade é suficiente para anular o processo de afastamento. “O Supremo tem agora a prova de que não foram as pedaladas fiscais que levaram Eduardo Cunha a aceitar o processo de impeachment, mas a vingança porque ela não cedeu às suas chantagens”, disse o advogado da presidenta eleita.

Assista ao trecho:

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