FIM DA POLÊMICA

Em primeira divisão interna do ano, PMDB escolhe Lobão para presidir CCJ do Senado

Indicação do senador resultou de “quebra de braço” entre Renan Calheiros e Eunício Oliveira. Na disputa, que envolveu articulações diversas e a participação até de Temer, Renan saiu ganhando

Antonio Cruz / Abr

Edison Lobão, apadrinhado por Renan e Sarney, será presidente da CCJ do Senado, que vai sabatinar Alexandre de Moraes para o STF: “nome de confiança”

Brasília – No primeiro grande duelo no Senado –  entre o ex-presidente da Casa e atual líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), e o recém eleito presidente da Casa, Eunício Oliveira (CE) –, deu vitória de Renan. O partido anuncia ainda hoje (8), no plenário, o nome do maranhense Edison Lobão para presidir a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) para o próximo biênio. A comissão, além de avaliar o mérito das matérias legislativas e de ser uma das mais importantes do Congresso Nacional, ainda terá a missão de sabatinar Alexandre de Moraes, indicado para a vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), em substituição a Teori Zavascki, morto em janeiro.

Lobão, que é citado em denúncias de delatores da Lava Jato, agora terá a prerrogativa de conduzir a validação pelo Senado de um dos ministros que julgará o processo na mais alta corte do país. A batalha para convencer a bancada a escolher o peemedebista durou mais de três dias, passou por conversas reservadas durante o final de semana entre os caciques e foi definida numa reunião interna durante a manhã.

Embora os peemedebistas afirmassem que não houve divergências internas e que a discussão sobre os nomes para ocupar a CCJ não passou de um processo normal dentro de qualquer partido, a verdade é que, conforme parlamentares confirmaram, a questão exigiu intervenção do próprio Michel Temer para ser resolvida. A “queda de braço” arranhou a bancada do PMDB no Congresso.

Renan Calheiros, com o apoio do ex-presidente José Sarney, que mesmo fora da política continua mais atuante do que nunca entre os peemedebistas, trabalhou desde o início pelo nome de Lobão, por considerar que o senador, mesmo tendo sido citado na operação, é “nome de confiança” de muitos dos parlamentares – o que pode ser importante no momento de angariar votos dentro da CCJ.

Eunício queria Lira

Eunício Oliveira, por outro lado, não escondeu de ninguém que queria para a presidência o senador Raimundo Lira (PB), que definiu como um parlamentar mais equilibrado. Lira chegou a ter seu nome defendido até por integrantes de outros partidos para a presidência da CCJ, pelo fato de não ter sido citado até hoje em qualquer denúncia contra seu nome.

Lira fez uma espécie de pré-campanha, deixando claro que gostaria de assumir o posto e teve seu nome defendido até o último instante por Oliveira junto a Renan e ao líder do governo no Congresso, Romero Jucá (RR), sem sucesso.

Diante das divergências, o senador paraibano chegou a ameaçar recorrer a uma disputa por meio do voto dentro do partido – o que teria sido uma derrota para Renan na sua primeira semana como líder do partido. Mas Lira foi demovido desta intenção por parlamentares próximos.

Já a terceira candidata, Marta Suplicy (SP), retirou-se da disputa após negociação interna – a ela foi prometido, por Renan, a presidência da Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado. Por esse colegiado tramitam várias matérias referentes a temas pelos quais Marta tem trabalhado ao longo de sua trajetória política.

Os peemedebistas, que compõem a maior bancada do Senado, também definiram que a sigla será responsável por indicar o presidente da Comissão de Serviços de Infraestrutura (CSI), que será o senador Eduardo Braga (AM). Com isso, fecharam a disputa que vinha emperrando a distribuição de nomes dos outros partidos pelas demais comissões técnicas.

“Quem me conhece sabe que sempre considero o consenso a melhor solução para decisões da bancada. Não tenho preferências, só cumpro com o meu papel de líder”, desconversou Renan.

Para oposicionistas e críticos do atual governo, todo o processo que levou Lobão à presidência da CCJ foi uma prova viva de que novos enfrentamentos entre Renan Calheiros e Eunício Oliveira serão observados daqui em diante – uma vez que o partido tem dado claros sinais de não estar unido quanto antes, no período do processo de impeachment de Dilma Rousseff.

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