Antecipação de recesso

Cinco bancadas definem, esta semana, apoios para a presidência da Câmara

Além do PT, que se reúne nesta terça, serão realizados encontros dos deputados do PSD, PSB, PDT e PCdoB para decidir se apresentarão candidaturas próprias ou votarão em nomes já apresentados

EBC

Antes de ser concretizada, candidatura de Maia, desejada por Temer, será analisada pelo STF

Brasília – Apesar de o retorno dos parlamentares a Brasília neste início de ano estar programado para depois do dia 31, hoje (16) foi um dia atípico de recesso, com a chegada de vários deputados e senadores ao Congresso. A partir desta terça-feira, ocorrem reuniões e articulações com vistas às eleições para presidente e integrantes das mesas diretoras da Câmara e do Senado. Na Câmara, estão previstas, além da reunião da bancada do PT, também encontros de parlamentares do PSD, PT, PSB, PDT e PC do B.

Os candidatos já apresentados são o atual presidente, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o deputado Jovair Arantes (PTB-GO) e o ex-líder do PSB na Casa Rogério Rosso (DF). No final desta tarde, uma novidade do Supremo Tribunal Federal (STF) estremeceu a candidatura de Maia, com o envio de um pedido formal a ele, por parte da presidente do tribunal, ministra Cármen Lúcia, de explicações sobre sua posição, para avaliar se é possível ou não sua recondução ao cargo. Isso porque, como assumiu a presidência num mandato tampão – para substituir o deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) – Maia corre o risco de não poder se candidatar ao pleito, o que complica ainda mais as alianças.

O PT está sendo visto como uma espécie de “noiva disputada” nas articulações em curso. Deputados de siglas variadas não têm dúvidas em afirmar que somente após a decisão dos petistas sobre se vão apoiar alguma candidatura ou se apresentarão candidato próprio é que as demais legendas acreditam que qualquer um dos três nomes já apresentados possa “decolar” em definitivo.

Entre os petistas, há um grupo que defende uma negociação para ampliar a participação da legenda em posições estratégicas no colegiado e nas presidências das comissões técnicas da Casa – até mesmo para dar ao partido condições de fazer uma boa oposição no Legislativo. Os que caminham por essa corrente não descartam apoiar a candidatura de Rodrigo Maia.

Mas há integrantes do PT que preferem ou o lançamento de candidatura própria ou o apoio a outras candidaturas. Esse segundo grupo defende que a legenda trave uma guerra regimental, se for necessário, para conseguir mais vagas nas comissões técnicas, contanto que não apoie nem Maia nem Arantes – considerados “golpistas”, como define o deputado Paulo Pimenta (RS). “Não me sentirei confortável se tiver de votar num golpista para a presidência da Câmara”, disse Pimenta, embora reiterando que adotará a posição que vier a ser a oficial do partido nesta terça-feira.

Também há dúvidas entre os integrantes do chamado Centrão. Embora a maior parte dos partidos desse bloco tenha influenciado o lançamento da candidatura de Jovair para enfrentar a reeleição de Maia, nem todas as legendas estão fechadas com ele.

O terceiro nome na disputa, o deputado Rogério Rosso (PSD-DF), afirmou por meio de uma rede social que libera os integrantes do seu partido a votarem da forma como acharem melhor, embora reitere sua candidatura. A posição de Rosso foi vista como uma forma de puxar apoios para Arantes.

Pressão sobre Rosso

Integrantes do PSD informaram que um dos motivos da liberação feita por Rosso seria por conta de pressão sofrida, nos últimos dias, para desistir da sua candidatura, inclusive, com a participação do atual ministro de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab (presidente e fundador da legenda).

Rosso aproveitou seu anúncio para criticar Rodrigo Maia. “A candidatura de Maia já está judicializada e representa um alto grau de insegurança jurídica para a Câmara. Eu não quero constranger nenhum colega, mas não acredito nessa reeleição”, afirmou. Uma quarta via, que também pode ser definida a partir de amanhã, é André Figueiredo (PDT-CE).

Ao lançar sua candidatura na última semana, Jovair Arantes, que foi relator do processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff na Câmara, pregou independência do Palácio do Planalto. Ele afirmou que o Centrão deveria se organizar para, embora sendo base de apoio, “não ficar o tempo inteiro atrelado ao governo”.

Rodrigo Maia conta com a ajuda de ministros influentes do Executivo e, apesar das declarações de Temer de que o Planalto não iria interferir, é tido como o nome mais favorável para o governo. Tanto Maia como Arantes passaram o final de semana viajando pelos estados em busca de apoios. 

Com a comunicação do Supremo, o atual presidente terá prazo de 10 dias para confirmar se será candidato e apresentar os motivos pelos quais considera legítima sua candidatura sem interferir nas normas já postas sobre a sucessão no Legislativo – a Câmara em especial.