Eleições no Congresso

Oposição na Câmara apoia nome do PDT. No Senado, Requião surge como alternativa

Durante reunião, deputados do PT resolveram pela candidatura do pedetista André Figueiredo, enquanto na outra Casa parlamentares querem conversar sobre a candidatura do senador Roberto Requião

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Figueiredo e Requião: nomes para que a oposição na Câmara e no Senado tenham posição coerente com a luta política

Brasília – Depois de uma reunião de mais de duas horas, a bancada do PT na Câmara decidiu nesta terça-feira (31) apoiar o deputado André Figueiredo (PDT-CE) para a presidência da Casa. Figueiredo é visto como a principal opção oposicionista contra as candidaturas do atual presidente, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do nome posto pelo Centrão (bloco de 14 partidos que apoiam o governo), Jovair Arantes (PTB-GO). A definição dos petistas saiu após muitos adiamentos. E diante da insistência da liderança do PT de buscar uma posição de consenso em torno do nome de Figueiredo, também, por parte de outros partidos da oposição.

Uma das principais discussões sobre o tema, nos últimos dias, se deu por conta da sugestão feita por um grupo de parlamentares do partido de apoiar a recondução de Maia ao cargo de presidente com a condição de, em troca, serem negociados cargos para o PT na mesa diretora e também na presidência das comissões técnicas mais importantes da Câmara.

Mas terminou sendo vencedor entre os petistas o entendimento dos que consideram que a legenda não pode apoiar “candidatos golpistas”, forma como eles chamam os candidatos que apoiaram o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff – caso de Maia e de Arantes.

Com a definição, o PT pretende brigar, daqui por diante, para que seja respeitado o que diz o regimento interno da Casa, que estabelece prerrogativa de espaço por parte dos partidos com as maiores bancadas na mesa diretora. E o partido tem a segunda maior bancada da Câmara, depois do PMDB. Acontece que desde a gestão do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) estas regras não são respeitadas.

“Esperamos não ser preciso brigar na Justiça para exigir nossos direitos, mas se isto for necessário é o que faremos”, afirmou o líder da legenda, deputado Ricardo Zarattini (SP). Zarattini disse, esta manhã, que a participação de petistas na mesa diretora da Câmara consiste num “direito constitucional”.

“É preciso respeitar o princípio democrático, estabelecido na Constituição, da representação proporcional na composição da mesa e do respeito às regras do regimento, que diz ser “assegurada a participação de um membro da minoria, ainda que pela proporcionalidade não lhe caiba lugar”.

Com a divisão, a eleição da Câmara corre o risco de seguir para um segundo turno. Além de Rodrigo Maia, Jovair Arantes e André Figueiredo, também são candidatos Rogério Rosso (PSD-DF) e Júlio Delgado (PSB-MG).

Maia ainda é alvo de uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) a respeito de pedido de informações feito por adversários sobre a possibilidade ou não de ele ser candidato, pelo fato de ter presidido a Câmara durante mandato tampão, em substituição a Eduardo Cunha. A eleição na Câmara está prevista para se realizar na manhã de quinta-feira (2).

Expectativa no Senado

A expectativa, agora, é que a decisão dos deputados do PT também leve ao mesmo entendimento por parte da bancada da sigla no Senado, que ficou de decidir o rumo que tomará em relação à eleição, em nova reunião nesta quarta-feira (1º). O líder do PT na Casa, senador Humberto Costa (SP), afirmou que o intuito da demora é chegar a uma definição sobre apoio a alguma candidatura de forma conjunta com outros partidos oposicionistas que têm atuado em conjunto com o PT.

A reunião – que será realizada poucas horas antes da eleição no Senado, marcada para ter início às 16h – terá, ainda, a participação de senadores que possuem um trabalho articulado com o PT. É o caso, por exemplo, do senador Roberto Requião (PMDB-PR), que apesar de ser peemedebista foi contrário ao impeachment de Dilma Rousseff e tem seguido os petistas nas votações do plenário.

“Estamos fazendo uma discussão ampla, não apenas entre os petistas, mas junto a todos os integrantes da nossa base. Nossa intenção é que a posição a ser adotada seja de consenso de todo o grupo oposicionista”, disse Costa. Uma das possibilidades que cresceu nas últimas horas foi de ser lançada como opção alternativa o nome de Requião, com o apoio de senadores do PT, PDT e PCdoB.

A candidatura do senador Requião seria uma espécie de contraponto a José Medeiros (PSD-MT) e de Eunício Oliveira (PMDB-CE), os outros dois candidatos, diante da rejeição feita por vários petistas ao apoio de nomes que integram a base aliada do governo Michel Temer e tiveram atuação firme no processo de impeachment de Dilma Rousseff.

Oliveira formalizou, no início da manhã, sua candidatura e é o preferido na disputa. Na mesma reunião, os senadores peemedebistas também escolheram por aclamação o atual presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), como novo líder do partido no Senado.

Trabalho oposicionista

Um dos motivos para a decisão sobre apoios com vistas à eleição no Senado ser postergada pelos petistas também está relacionada ao seminário que a liderança do PT no Senado tem realizado desde ontem, com o objetivo de planejar as atividades da bancada para o biênio 2017 e 2018. O objetivo do encontro é aprofundar o debate sobre a situação política do país, qualificar o trabalho de oposição ao governo golpista e construir alternativas para o Brasil.

No primeiro dia de atividades, quando foi discutida a luta dos movimentos sociais e o papel da bancada petista no senado, as lideranças populares presentes manifestaram disposição de trabalhar junto às bases sociais, de forma a estimular a formação de comitês populares e produzir materiais coletivos e massivos, em todas as mídias.

O chefe de gabinete da liderança do PT na Casa, Wilmar Lacerda, destacou que a parceria com os movimentos sociais é fundamental para a luta contra o golpe. “A conexão entre a ação parlamentar dos senadores e senadoras e a mobilização das entidades populares fortalece a luta para defender os direitos do povo e a soberania nacional. O PT nasceu nas lutas populares, governou para o povo, com Lula e Dilma, e mantém seu compromisso com a sociedade brasileira e o país”, acrescentou.