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Para Aldo Fornazieri, Doria já mostra que terá dificuldades com privatizações

Professor diz que principal novidade do discurso de posse do novo prefeito ficou por conta do adiamento das privatizações para 2018, que para se concretizar terão de ferir o Plano Diretor

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Fornazieri: “Discurso equivocado, porque um prefeito, pela natureza do cargo, é político, é um cargo político”

São Paulo – Para o professor de Ciência Política Aldo Fornazieri, da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, a principal novidade no discurso de posse do prefeito de São Paulo, João Doria, durante cerimônia ontem (1º) no Teatro Municipal, é o adiamento das privatizações para 2018. “Essas privatizações foram anunciadas com intensidade durante a campanha, mas não será fácil fazer, em primeiro lugar porque elas dependem da câmara. Em segundo lugar, até como alertou o ex-prefeito Haddad, elas vão contra o Plano Diretor da cidade, então vai ter todo um problema político e jurídico para realizar essas privatizações”, afirmou.

Fornazieri, em entrevista hoje (2) à Rádio Brasil Atual, disse que a principal dificuldade do cargo para Doria “é essa separação entre o público e o privado; ele insistiu no discurso de posse que não é político, que ele é um gestor, eu acho um discurso extremamente equivocado, porque um prefeito, pela natureza do cargo, é político, é um cargo político”.

“E quando ele fala que é gestor, nesse sentido, ele dá mais ênfase ao privado do que ao público. Há que se diferenciar claramente o que significa ser um dirigente político, um prefeito, um governador, um presidente, de um gestor privado”, destacou o professor.

“O gestor de uma empresa privada visa fundamentalmente ao lucro, enquanto o poder público deve visar ao bem público, o bem da sociedade, o bem da comunidade. Portanto, são fins completamente diferentes e se ele continuar misturando essas duas instâncias eu temo que ele coloque os pés pelas mãos”, disse Fornazieri, para quem um prefeito “não pode fazer um discurso hipócrita, tentando negar a sua condição de político”.

Ouça a entrevista: