Eleições

Candidatura de Lula depende de programa, diz Rui Falcão

Líder do PT diz que existe uma 'aspiração nacional' pela volta do ex-presidente, mas para isso é necessário fazer um programa 'a várias mãos', incluindo aliados e movimentos sociais

Lula Marques/Agpt

Rui Falcão: Constituição assegura à bancada segundo posto na mesa diretora da Câmara

São Paulo – O presidente nacional do PT, Rui Falcão, considera que o lançamento de uma pré-candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República depende da construção de um programa “a várias mãos”, com aliados e movimentos sociais. “Feito isso, num prazo não muito longo, nós nos sentiremos na condição de propor ao país a pré-candidatura”, afirmou o dirigente, ao encerramento de encontro do diretório nacional do partido, hoje (20), na região central de São Paulo.

Segundo Falcão, “há uma espécie de aspiração nacional” para que o ex-presidente volte. “São expressões de aspiração para que ele retorne pelo que construiu aqui no Brasil”, afirmou. “Mas, ao mesmo tempo, nós não podemos lançar uma candidatura sem estar tomando duas providências anteriores. Uma é apresentar para a população brasileira um programa de por que a gente quer o Lula volte. Esse programa precisa ser construído a várias mãos, pelo PT, por eventuais aliados no campo popular, pelas frentes, seja Brasil Popular, seja Povo sem Medo, entidades do movimento social e popular, para que esse programa expresse aspirações maiores do que as propostas que o Partido dos Trabalhadores gostaria de apresentar.”

Falcão defendeu também a antecipação das eleições presidenciais. “A gente quer também, quem sabe, até para ajudar a deter a crise que se aprofunda, pelos rumos que a gente vê, pelo crescimento do desemprego, da crise social, da crise carcerária, seria importante talvez fazer a eleição antes de 2018.”

De acordo com o líder petista, ainda não há definição sobre um possível lançamento da pré-candidatura. Mas pode ocorrer inclusive antes do congresso nacional do partido, que passou de abril para 1º a 3 de junho. “Talvez seja muito longe esperar até o congresso”, comentou, dizendo expressar uma opinião pessoal.

Sobre a indicação de Lula à presidência do próprio PT, Falcão disse que o ex-presidente tem recebido “dois tipos de pressão política legítima”, para assumir e para não assumir o cargo. “O que eu posso dizer com segurança é que eu não serei.”

Congresso

Rui Falcão negou que o PT tenha liberado sua bancada para votar em qualquer candidato nas eleições para as mesas diretoras da Câmara e do Senado – há protestos, por exemplo, contra um possível apoio a Rodrigo Maia (DEM-RJ), atual presidente da Câmara. Ele citou resolução aprovada hoje pelo diretório. “Lá não há indicação de apoio a nenhum dos candidatos inscritos ou que venham a se inscrever, eventualmente. O que há é um conjunto de condições que nós apresentamos para participar da mesa das duas Casas. A primeira é o respeito à Constituição. Na condição de segunda bancada, queremos ter esse respeito (à proporcionalidade).” O PT teria o direito de fazer a segunda escolha para cargo na mesa. 

Na resolução, o partido fala no direito à proporcionalidade, “um direito inscrito na Constituição, que, embora rasgada pelo golpe que depôs ilegalmente a presidenta Dilma Rousseff, preserva este da proporcionalidade das bancadas representadas no Congresso Nacional”. E acrescenta: “Não se trata de concessão, de barganha, ou de acordo político fora destes limites, mas de respeito a um princípio de quem defende a convivência democrática e o respeito ao Regimento que disciplina a vida parlamentar”.

Segundo o presidente do PT, a presença na mesa deve ser entendida como uma “trincheira de lutas” para permitir participação popular nos debates. “Queremos também, como oposicionistas, evitar que se aprove essa terrível reforma da Previdência, a aceleração da reforma trabalhista. É uma frente de luta. A outra, muito importante, sobretudo neste momento, são as ruas.”

Assim, a orientação do partido é que essas condições, explicitadas na resolução, sejam apresentadas publicamente aos eventuais candidatos. “Não há nenhuma indicação de candidatura. Que a bancada se reúna e decida por consenso ou maioria, se necessário, e explicite claramente para a população brasileira as razões de sua escolha política.”

Falcão acrescentou que isso não representa esquecer a participação de quem quer que seja no processo de impeachment. “Se eventualmente a nossa bancada vier a votar em uma dessas candidaturas, para que tenha respeitado seu direito à proporcionalidade, isso não implica absolvição de nenhum fato passado desse candidato, não significa nenhuma cumplicidade com o governo golpista e a consideração que ali é o Legislativo, não é o Executivo. Onde se travam os debates, as emendas, onde se discute orçamento. Não estamos comprometidos com nenhum deles do ponto de vista ideológico.”

Sobre a morte do ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, Falcão lembrou que quem irá indicar o novo nome para o cargo “é o presidente golpista”, referindo-se a Michel Temer. “O que nós temos interesse é que as investigações deixem de ser seletivas, que a Lava Jato deixe de ser usada como instrumento de perseguição política, principalmente ao presidente Lula. E que ela, mesmo se dirigindo para punir empresas supostamente envolvidas com corrupção, não comprometa a economia brasileira, não ceda também a interesses de outras potências.”

 

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