análise

‘Temer é carta fora do baralho, importante é saber o que virá’, diz Igor Fuser

Para professor da UFABC, única maneira de recobrar legitimidade à cadeira da presidência da República é a convocação de novas eleições diretas, já

Beto Barata/PR

Ninguém mais considera seriamente a possibilidade de Temer seguir até 2018, avalia professor da UFABC

São Paulo – Para o professor de relações internacionais da Universidade Federal do ABC, Igor Fuser, após os últimos vazamentos da delação de executivo da Odebrecht, que revelaram que o atual presidente da República pediu 10 milhões de reais em recursos ilícitos à empreiteira, a situação de Temer vai além do insustentável: “É carta fora do baralho”.

A situação do Temer já estava insustentável faz um certo tempo. Agora, com essa nova denúncia, é xeque-mate. Não há a menor condição de ele continuar no governo e seguir no mandato, originalmente de Dilma, até 2018. Seriamente, hoje, ninguém mais trabalha com essa possibilidade”, analisa o professor, em entrevista nos estúdios do Seu Jornal, da TVT, na edição de ontem (12).

Segundo ele, a questão mais importante agora é o que virá no lugar de Temer. Fuser, aponta dois cenários possíveis: O primeiro, seria o golpe dentro do golpe, com a eleição indireta de um novo presidente pelo Congresso Nacional, um “biônico”, mantendo e reproduzindo assim o caráter ilegítimo do governo.

O segundo cenário, que resolveria a questão da legitimidade, seria a convocação de novas eleições para a presidência. “A alternativa para parar já com essa baderna, com essa palhaçada, é consultar o povo e fazer eleições diretas. É a única solução.”

De acordo com a Constituição, caso o cargo da presidência fique vago nos dois primeiros anos, novas eleições devem ser convocadas. Caso a vacância ocorra após os primeiros dois anos, é o Congresso, transformado em colégio eleitoral, que escolheria o novo chefe do Executivo.

Continuar governando com esse Congresso é preocupante. Agora, o pior cenário é ficar o Temer ou indicarem um biônico qualquer, uma figura sem legitimidade nenhuma. Pelo menos, que o presidente seja alguém com mandato popular, com legitimidade para enfrentar a situação, que não está fácil”, diz o professor, que destaca o agravamento da situação econômica e o aumento do desemprego.

“Tem que resolver primeiro a questão da legitimidade das escolhas. Deram um golpe e, em menos de seis meses, esse golpe já se desfez completamente. O pretexto do golpe era uma questão moral. Os imorais são os que deram o golpe. A mais honesta nessa história é a Dilma, que está limpa, imaculada, não tem nada contra ela”, conclui Fuser.

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