CONGELAMENTO DE GASTOS

Senado fica parado até decisão do STF sobre Renan. PEC 55 deve atrasar

Decisão partiu de líderes de várias legendas que querem definir, antes, quem ficará na presidência da Casa: Renan ou Viana. Planalto, em reservado, já admite negociar proposta para 2017

Marcos Oliveira/Agência Senado

Subida do petista Jorge Viana à presidência do Senado é tida como certa

Brasília – Por mais que o governo Temer queira votar ainda este ano a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 55 – que trata do congelamento dos gastos públicos –, com o adiamento da sessão ordinária de hoje (6) do Senado, a votação em segundo turno da matéria no próximo dia 13, conforme previsto, dificilmente ocorrerá. Parlamentares de vários partidos afirmam que o governo pode até conseguir prolongar os trabalhos do Legislativo este ano por mais alguns dias e aprovar a matéria no final de dezembro. Mas para isso, precisa de sessões prévias de debate do texto no plenário da Casa, o que talvez não haja clima para ser realizado.

Com a crise instalada no Senado em função do possível afastamento de Renan Calheiros (PMDB-AL) da presidência, a possibilidade é de que também a sessão desta quarta-feira (7) não se realize. Até porque a expectativa é de que ocorra amanhã mesmo o julgamento do colegiado do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre acolhimento ou não da decisão do ministro Marco Aurélio Mello, de afastar Renan da presidência do Senado.

A oposição trabalha para que a votação seja prorrogada para o próximo ano e tenta empurrar a data até fevereiro. Senadores ligados ao Planalto, em reservado, já admitem que depois da polêmica entre Legislativo e Judiciário por conta da situação de Renan, vai ficar difícil trabalhar para que a apreciação da proposta aconteça em pouco tempo.

Ruim para os dois lados

Nas conversas de bastidores, os parlamentares acham que o STF ratificará a decisão do ministro Marco Aurélio Mello. E no Senado, há dúvida sobre a postura de Jorge Viana (PT-AC), que assumirá a presidência do Senado com a saída de Renan.

Neste caso, mesmo que a saída de Renan demore mais alguns dias, a subida de Viana à presidência é tida como certa. E suscita preocupações dos dois lados. Por parte dos governistas, por ser petista e ter votado e se manifestado contrário ao congelamento de gastos. Por outro lado, entre a oposição, pelo fato de ter uma postura mais ponderada e ligações tanto com senadores da base aliada como também os outros partidos, apesar de integrar o PT.

Viana, por sua vez, teria dito durante a reunião com os colegas que está disposto a tocar a presidência da Casa de forma equilibrada, fazendo o possível para respeitar a pauta definida pelos líderes, mas descartou compromisso com o PMDB em torno da PEC. Oficialmente, o senador nada comentou.

Ele também teria sido procurado, conforme contaram senadores de outras siglas, pelos líderes do governo no Congresso, Romero Jucá (PMDB-RR), e do governo no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), que se apresentaram diretamente como intermediários de Michel Temer. Os dois tentam fazer com que seja realizado um encontro entre Viana e Temer para conversarem sobre a PEC logo após ele assumir em definitivo a presidência do Senado.

Retirada de urgência

No plenário, senadores reclamaram da situação e pediram publicamente que a presidenta do STF, ministra Cármen Lúcia, julgue logo o caso, de forma a evitar problemas ainda maiores. O presidente nacional do PSDB, Aécio Neves (MG), disse que os oposicionistas estão usando o momento para trabalhar no sentido de atrasar votações importantes para o país. Por isso, afirmou, acha que o Judiciário “precisa agir rápido”.

Já Lindbergh Farias (PT-RJ) reclamou que como não existe, ainda, decisão oficial sobre o caso, não vê condições para que aconteça qualquer votação. “Quem é de fato o presidente do Senado? Não temos condições de saber isso hoje, então como poderemos votar?”, questionou. Lindbergh, que é líder da minoria, defende que a proposta referente ao congelamento tenha o requerimento de urgência retirado de imediato e que só seja submetida a nova apreciação, a partir do próximo ano.

O líder do PT, senador Humberto Costa (PE), lembrou a questão da crise política e da instabilidade no país como um todo. Costa disse que Viana, até pelo seu temperamento ponderado, não agirá como um oposicionista no sentido de evitar ou protelar a apreciação das matérias encaminhadas ao Congresso pelo governo Temer. Mas ao mesmo tempo destacou que ele é petista e tem sua posição partidária. “Vamos tentar agir, na nossa bancada, com serenidade e pensando no país. Sei que o senador Jorge Viana também pensa da mesma forma”, afirmou.

Humberto Costa também disse que a intenção da maioria dos líderes é fazer com que as votações do Senado, especialmente da PEC 55, não se realizem antes de uma definição sobre a situação de Renan. “Enquanto não houver uma solução definitiva sobre quem é o presidente da Casa, não queremos votar. Se o presidente for o Renan, nós vamos insistir que não se vote a PEC. Se não for Renan, nós vamos discutir nossa posição”, explicou.

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