campeã das minorias

‘Fazia inveja a qualquer líder mundial’, diz ‘Financial Times’ sobre Dilma

Periódico britânico elegeu ex-presidenta como uma das mulheres do ano

Roberto Stuckert Filho

Dilma ganhou destaque pelo caráter popular de seu governo

São Paulo – O professor e jornalista Flávio Aguiar, em sua coluna para a Rádio Brasil Atual, comentou hoje (9) a eleição da ex-presidenta Dilma Rousseff como uma das mulheres do ano pelo Financial Times. “Não podem acusar o Financial Times de ser um ‘antro de petralhas”. A razão de escolherem Dilma como uma das mulheres do ano é por sua defesa da democracia. O jornal é conservador, mas é sério. Não é uma Veja, ou uma IstoÉ. Essa posição mostra o isolamento do governo Temer no plano internacional”, avaliou.

“Dilma Rousseff foi a mulher que finalmente quebrou o teto de vidro na política brasileira, que se fez campeã das minorias e dos pobres através de programas sociais”, afirma o texto do jornal conservador britânico Financial Times (FT). O periódico elegeu Dilma ao lado de nomes como a primeira ministra da Inglaterra, Theresa May, a parlamentar trabalhista britânica Jo Cox e a democrata norte-americana Hillary Clinton.

Em entrevista ao FT, a petista criticou o governo que a sucedeu após processo de impeachment, colocando à frente do Planalto o peemedebista Michel Temer. “Governo de velhos e ricos”, disse. “Quando você é uma mulher no poder, eles dizem que você é dura, fria e insensível, enquanto um homem na mesma posição é forte, firme e encantador”, continuou a presidenta eleita em 2014, em disputa acirrada contra o tucano Aécio Neves, que impulsionou uma polarização política no país.

Em entrevista concedida em Porto Alegre, Dilma foi apontada como mulher sem ligações com corrupção e problemas com a Justiça. “Para uma mulher que acabou de suportar um duro período de seis meses de julgamento político, que resultou em seu impeachment, a ex-presidenta brasileira parece incrivelmente relaxada”, afirma o texto do FT sobre o processo que retirou Dilma do Planalto sob acusação de exercer manobras contábeis durante sua gestão.

Ao destacar o caráter popular de seu governo, o jornal ressalta que o governo Temer possui sua base política contaminada por réus em processos na Justiça, o que descaracteriza o argumento central das camadas sociais que a retiraram do poder, a luta contra a corrupção.

“Fazia inveja a qualquer líder mundial”, a “primeira mulher a comandar o maior país da América Latina”, afirma o FT. A entrevista ainda explora a nova rotina de Dilma: “a melhor coisa que um ser humano pode fazer é pedalar”, disse em referência a seu hábito de andar de bicicleta. A entrevista ainda é completa por críticas à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 55, que limita os investimentos públicos em áreas como Saúde e Educação por 20 anos à inflação do ano anterior, e ao sexismo na política brasileira.