Áudio vazado

Professor da UFMG ameaça alunos que ocupam escola de educação física

Áudios revelam articulação de professores contrários ao movimento na Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional. 'Amanhã vou entrar no prédio, por bem ou por mal', ameaça professor

Reprodução Facebook

Ocupação da EEFFTO em protesto contra a PEC que prevê teto das despesas públicas por 20 anos

São Paulo – “Se tiver aluno na porta, fica mais fácil forçar a entrada. E a palavra é essa mesmo: vamos forçar a entrada. Se acontecer alguma coisa, a gente chama a polícia ou a segurança. Só não aconselho violência, mas também não peço a vocês passividade, caso venha agressão por parte deles.”

A fala é do professor Eduardo Mendonça Pimenta, da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e foi divulgada ontem (2) em um grupo de WhatsApp de professores da escola contrários à ocupação dos alunos que protestam contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 55/2016 – a PEC 241 na Câmara e 55 agora no Senado.

Em outro áudio, o professor reconhece ter entrado esta semana no prédio ocupado da escola, passando por dentro de uma tela. E avisa que hoje (3) entrará novamente. “Amanhã vou entrar no prédio de qualquer forma, por bem ou por mal, nem que eu quebre vidro e entre”, ameaça.

O professor também sugere reação por parte de alunos contrários à ocupação e a criação de um grupo em rede social pregando a desocupação.

Em outro áudio, uma integrante da Comissão de Segurança e Logística da unidade alerta para o clima tenso entre alunos e professores da escola. “A situação está muito tensa, muito complicada. Os professores do departamento de esportes são todos de extrema direita. Eu já fui ameaçada de agressão por um professor”, diz a jovem.

A ocupação foi decidida por alunos, professores e técnicos-administrativos em assembleia realizada terça-feira (1º). Na ocasião, decidiu-se pela ocupação do prédio até amanhã (4), quando então uma nova assembleia definirá se o movimento será mantido por mais dias ou será suspenso.

“Vale ressaltar que as ocupações são atos políticos e modos legítimos de protesto, assegurados constitucionalmente, assim como os direitos de ir e vir e o direito à aula, alegado por tantos estudantes. Compreendemos que ambos os direitos são importantes, mas entendemos também que a ocupação, por ser a forma encontrada pelos alunos para defender causas coletivas que geram impactos em âmbito nacional, deve ser priorizada no presente momento e, para tanto, nos disponibilizamos a dialogar com as diversas instâncias e os mais divergentes posicionamentos”, afirma nota publicada pelo movimento Ocupa Eeffto (sigla da escola) no Facebook.

A nota ainda diz que “as ocupações buscam fazer uma espécie de denúncia e chamado para que a comunidade discuta por meio de ‘aulões’, palestras e discussões sociopolíticas, assuntos que foram deliberados sem o consentimento social. No caso da presente ocupação, estamos nos posicionando contrários à PEC 55-241/2016, em consonância às demais ocupações realizadas na UFMG”.

Hoje de manhã, Eduardo Mendonça Pimenta esteve no prédio da UFMG e desmentiu os próprios áudios em que ameaçava entrar no local “de qualquer forma, por bem ou por mal, nem que quebre os vidros e entre”. Segundo o professor, ele não apoia a PEC 241 e vai aguardar a próxima assembleia sobre a manutenção da ocupação e a possibilidade de haver aula.


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