PM usa violência para desalojar família de comunidade no Rio
Ação é para cumprir mandado de reintegração de posse, em região do Jardim Botânico, na zona sul. Clima é muito tenso, segundo o deputado Gilberto Palmares
Publicado 07/11/2016 - 17h40
Jardim Botânico diz que a ação se dá para o cumprimento de decisão de processo que tramita desde a década de 1980
São Paulo – A Polícia Militar do Rio de Janeiro cumpriu na tarde de hoje (7) mandado de reintegração de posse na comunidade do Horto Florestal, no Jardim Botânico (zona sul), para desalojar uma família do local. Apesar de ser apenas uma família, o aparato policial utilizado foi grande. Os policiais militares chegaram no início da tarde ao local, que pertence à União.
“O clima é muito tenso. Estamos conversando com o comando da PM para ver se conseguimos ‘distensionar’ a situação”, disse o deputado estadual Gilberto Palmares (PT). O parlamentar é suplemente de Dr. Sadinoel na Assembleia Legislativa do Rio e vai reassumir a vaga em janeiro, já que Sadinoel foi eleito prefeito de Itaboraí pelo PMB, após deixar o PT em setembro de 2015.
Segundo Palmares, o aparato policial no local, apesar de o objeto da ação ser apenas uma família, foi exagerado. “Isso acabou aumentando o clima de tensão.” A polícia utilizou gás lacrimogêneo, balas de borracha e spray de pimenta, e uma pessoa foi detida. “Neste momento está saindo um caminhão levando os pertences do morador desalojado”, contou.
Palmares afirmou que não são conhecidos os motivos pelos quais é mobilizado um aparato tão desproporcional para desalojar apenas uma família. “A gente não entende muito bem o encaminhamento da Justiça. Talvez seja uma família para, com isso, quebrar a resistência e depois vêm outras. Se removessem eventualmente ao mesmo tempo 30 ou 40 pessoas, a resistência e conflito podiam ser maiores. Hoje é uma, embora a gente saiba que são centenas”, disse. Segundo ele, as pessoas moram na comunidade há mais de meio século.
Em nota à imprensa, o Jardim Botânico diz que a ação de hoje se dá para o cumprimento de decisão judicial de processo que tramita desde a década de 1980 e que o caso transitou em julgado há quase dois anos.
A Associação de Moradores e Amigos do Horto (Amahor) Federal tem dito que o local é de interesse da Rede Globo, que opera estúdios de produção na região.