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Moro impede testemunha de falar sobre elo suspeito entre Lava Jato e EUA

Empreiteiro da Camargo Corrêa diz que foi procurado pelo governo americano. Integrantes da Lava Jato tentam abafar

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Para advogados de Lula, colaboração com autoridades americanas fere tratado internacional

GGN – Os advogados do ex-presidente Lula suspeitam que a Lava Jato está ajudando informalmente o Departamento de Justiça dos Estados Unidos levando os réus delatores da operação que iniciou na Petrobras a firmar acordos de colaboração com as autoridades estadunidenses.

A suspeita ficou evidente na audiência do ex-executivo da Camargo Corrêa, Eduardo Leite, na ação em que Lula é acusado pela Lava Jato de se beneficiar de propina paga pela OAS, inclusive na forma de propriedade oculta de um apartamento no Guarujá.

A partir dos 4 minutos e 40 segundos do vídeo acima, Cristiano Martins Zanin, advogado de Lula, pergunta a Eduardo Leite se ele fez delação com os EUA.

“Ainda não. Posso vir a firmar, mas hoje não tenho nada firmado com o governo americano. Também não (estou em negociação). Eu fui procurado pelo governo americano no intuito de buscar um interesse e entendimento das partes”, respondeu Leite. Ele disse que sua defesa informou o Ministério Público Federal dessa “comunicação”.

Depois, ele disse que, “na verdade, foi uma busca do governo americano através da força-tarefa (da Lava Jato), na qual fomos procurados para saber do interesse de haver partilhamento (de informações) ou de a gente participar de um processo lá.”

Nesse segundo, o procurador Diogo Castor de Mattos, preocupado com os detalhes que Leite poderia dar sobre essa negociação com os EUA, diz ao juiz Sergio Moro que essa pergunta deveria ser “indeferida”. O juiz, então, auxilia o MPF interrompendo a resposta de Leite e afirmando que outra testemunha (Augusto Mendonça, da Setal) não quis responder por “não se sentir segura”.

“O acordo com os Estados Unidos, qual a relevância disso?”, perguntou um membro da força-tarefa, ao que Zanin responde: “Vamos ver. Eu não sou obrigado a antecipar a minha estratégia de defesa.”

Depois, Leite se corrigiu: “Eu gostaria de consertar. O procedimento, quem tem o domínio é meu advogado. Eu entendo que tenha havido uma comunicação.”

Segundo Leite, ele recebeu um termo de colaboração em inglês que era “genérico”, apenas sondava a “disposição de colaborar com a Justiça americana”, e ele não tomou nenhuma decisão sobre isso “ainda”.

Segundo a Folha desta quarta (23), Zanin disse que “a revelação feita em audiência de que o Ministério Público Federal estaria trabalhando junto com autoridades americanas parece não estar de acordo com o tratado que o Brasil firmou em 2001 com os EUA que coloca o Ministério da Justiça como autoridade central para tratar esse tipo de questão.”

Propina a Lula

Aos 11 minutos do vídeo, Leite é questionado sobre pagamento de propina a Lula. Ele responde que nunca soube nada nesse sentido. “Eu pagava o operador. O destino (da propina) que o operador dava, eu desconhecia.” A testemunha também disse que não sabia nada sobre o apartamento no Guarujá.

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