Contra PEC 55

Apeoesp defende desobediência civil nas escolas e nas ruas

Professores fizeram assembleia na tarde de hoje, em São Paulo, e decidiram nova mobilização dia 29

reprodução/jornalistas livres

Professores de pelo menos 21 cidades de São Paulo participaram da assembleia, além de movimentos sociais

São Paulo – “Não é esta PEC que vai nos matar, somos nós que vamos matá-la nas ruas, em luta”, disse hoje (11), em assembleia da categoria, na Praça da República, centro de São Paulo, a presidenta do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado (Apeoesp), Maria Izabel Azevedo Noronha, a Bebel. No dia que foi marcado por mobilização em todo o país contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 55, a dirigente disse que não há lei que resista à fome, à miséria e à desigualdade social. “Pode até ser que ela passe neste Congresso, no qual a maioria dos integrantes é corrupta, mas vamos responder com a desobediência civil nas escolas e nas ruas.” Nova mobilização ficou marcada pra o próximo dia 29.

Bebel afirmou que em São Paulo os professores já estão com os salários congelados há dois anos. O último reajuste concedido pelo governo de Geraldo Alckmin à categoria foi em 2014 e “ainda assim abaixo da inflação”. Este ano, para obter reposição das perdas, os professores reivindicam reajuste de 20,83%. “A cesta básica vai subir e o salário do trabalhador vai cair. Quem é classe média vai virar classe baixa, quem já é classe baixa vai virar miserável.”

O presidente da CUT, Vagner Freitas, afirmou que o golpe não foi apenas para tirar a ex-presidenta Dilma Rousseff, mas para aprovar medidas consideradas conservadoras. “Tirar a Dilma era o de menos. O golpe foi contra os trabalhadores, foi para fazer a reforma da Previdência, pra deixar passar a PEC 55. O golpe foi pra terceirizar tudo”, disse. “Precisamos voltar a ter um governo eleito pelo povo e não pelo capital internacional.”

Professores de pelo menos 21 cidades paulistas participaram, além de estudantes ligados à União Nacional dos Estudantes (UNE), à União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) e à União Estadual dos Estudantes (UEE). Militantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e da União da Juventude Socialista (UJS) também estiveram presentes. Por volta das 17h30, a assembleia foi encerrada e os professores seguiram em marcha para a Praça da Sé, onde se juntaram a militantes de outros movimentos sociais em um grande protesto contra a PEC 55.

Citando o dia nacional de luta, o presidente da CUT São Paulo, Douglas Izzo, lembrou dos retrocessos propostos pelo governo Temer. “Trabalhadores dos transportes e das indústrias químicas pararam. O funcionalismo público e as escolas também. Todos estão se articulando contra os ataques do governo à classe trabalhadora.”

A professora Marisa Reis lembrou que o funcionalismo público tem grande capacidade de mobilização, diferente dos trabalhadores terceirizados. “Estamos aqui porque a PEC 55 e a proposta de reforma do ensino médio terão grande impacto para os professores. São diversos ataques à educação pública.”

A estudante de Magistério Anne Tereza da Silva lamentou o que vem ocorrendo com a educação. “Nós estudamos muito para trabalhar em sala de aula e não podemos aceitar que profissionais sem a formação para o ensino deem aula.” Uma das propostas da reforma do ensino médio, prevista na Medida Provisória 746, é que não será mais preciso formação em licenciatura para dar aula no ensino médio. Parte das disciplinas, como Educação Física, Artes, Sociologia e Filosofia, deixará de ser obrigatória. “As matérias que favorecem os trabalhos técnicos continuarão, mas as que nos ensinam a refletir se tornarão optativas.”

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