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‘Apenas as centrais sindicais se manifestaram contra invasão do plenário da Câmara’

Consultor sindical denuncia 'silêncio obsequioso' da mídia tradicional frente a atentado que testa os limites da democracia

Lucio Bernardo Jr./Câmara dos Deputados

À exceção das centrais, restante da sociedade assistiu ‘bestializada’ à invasão da Câmara por radicais de direita

São Paulo – Sobre a invasão do plenário da Câmara dos Deputados na semana passada por manifestantes que pediam a volta do regime militar, o consultor sindical João Guilherme Vargas Netto ressalta reação unificada das centrais sindicais, que se manifestaram em repúdio ao ocorrido. Por outro lado, ele afirma que o restante da sociedade assistiu à cena sem esboçar a necessária reação.

Não foi um rolezinho, nem um flashmob. Foi uma agressão deliberada à Constituição e à democracia. Ao mesmo tempo em que me preocupo com o silêncio obsequioso, fico orgulhoso porque as direções sindicais, unidas, – as seis centrais reconhecidas – emitiram prontamente nota pública de repúdio, exigindo apuração e punição desse crime.”

Aos gritos de “queremos general” e de saudações ao juiz Sérgio Moro, um grupo de cerca de 50 pessoas invadiu o plenário e tomou a mesa da Casa na última quarta-feira (16), exigindo a presença do presidente Michel Temer e de “coronéis”, enquanto cantavam o hino nacional.

Em entrevista à Rádio Brasil Atual na manhã de hoje (23), Vargas Netto (foto) afirma que a invasão pode ter servido para testar a aceitação a esse tipo de discurso e as ações de resistência do campo democrático que, nesse caso, deixaram a desejar.

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Vargas Netto, consultor sindical

O consultor também critica o “silêncio obsequioso” por parte da mídia tradicional que, segundo ele, não deu a devida dimensão ao fato. Vargas Netto cita, por exemplo, o caso do jornal O Estado de S. Paulo, que publicou editorial condenando a ação truculenta, mas não realizou qualquer esforço de apuração sobre o ocorrido.

É lamentável que a agressão mais horrível que possa acontecer – a agressão à democracia – seja tratada dessa maneira leviana, superficial e conciliadora”, frisou o consultor sindical, que reafirmou a importância da reação das centrais sindicais, que têm procurado se manifestar de maneira unitária em reação aos ataques a direitos.

Ele prevê, ainda, a manutenção do cenário de instabilidade política, agravado pela recessão econômica, o que demanda a devida vigilância por parte dos setores democráticos. “Dizia-se, seis meses atrás, que era preciso pacificar o país, mas o país não está pacificado.”

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