Conjuntura

Possível delação de Cunha pode inaugurar novo surto de crise política

Para professor Aldo Fornazieri, ainda que não feche acordo de delação, deputado cassado pode fazer revelações voluntariamente

Lula Marques/AGPT

Para o professor, denúncias de Cunha podem reforçar movimento ‘Fora Temer’ nas ruas

São Paulo – A prisão do deputado cassado Eduardo Cunha e a possibilidade de que ele venha a contar o que sabe sobre escândalos de corrupção que também envolvem figuras do PMDB ligadas ao governo Michel Temer, seja por meio de delação premiada ou revelações espontâneas, têm capacidade de “causar um estrago enorme” e inaugurar “novo surto de crise política”, no Brasil. É o que diz o cientista político Aldo Fornazieri, professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fespsp).

Em entrevista à Rádio Brasil Atual na manhã de hoje (20), ele diz que uma eventual delação ainda depende de análise de critérios técnicos e jurídicos, além da vontade política dos operadores da Operação Lava Jato, mas ele acredita que Cunha deve ter amplo repertório de novas informações, uma das exigências para a efetuação da delação. Para o professor, novas denúncias podem reforçar o ‘Fora, Temer’ nas ruas.

“Esse tipo de situação pode criar um enorme problema para o governo, particularmente para o presidente Temer. Ao que tudo indica, existem elementos nesse sentido”, diz Fornazieri, acrescentando que Cunha pode ser movido por interesses pessoais, para tentar livrar integrantes da sua família também envolvidos, situação que sairia, portanto, dos limites da política.

Ele acredita que são limitadas as possibilidades de o governo executar esforço no sentido de tentar acordos para limitar as revelações. Outra consequência política prevista pelo cientista é a instabilidade na base congressual do governo, na medida em que um grupo expressivo de deputados orbitava em torno de Cunha e pode também exercer pressão sobre o governo para que seja poupado em novos escândalos.

Sobre as acusações de que a Lava Jato demorou para chegar em Cunha, Fornazieri lembra que, até o momento da sua cassação como deputado, quem poderia e deveria ter tomado algum tipo de providência jurídica era o Supremo Tribunal Federal (STF). “No Supremo, sabemos muito bem como funciona, ou como não funciona. Tem se omitido sistematicamente.”

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