Ofensiva

PF prende policiais que removeram escutas de casas e gabinetes de senadores

Operação teria sido deflagrada depois de denúncias de que seguranças legislativos estariam desmontando escutas e grampos instalados com ordem judicial, a mando de senadores. Cinco foram presos

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Polícia Legislativa no Senado entra no alvo das investigações da Lava Jato

Brasília – O caminho que dá acesso à chapelaria do Congresso Nacional, uma das principais entradas do Legislativo, amanheceu hoje (21) cercado por 14 viaturas da Polícia Federal com policiais fortemente armados e encapuzados. Desde cedo, o grupo faz uma  operação no Senado. Foram presos quatro servidores da segurança legislativa, incluindo o chefe da área, e está sendo realizada busca e apreensão em diversos locais da Casa. As suspeitas são de que estas pessoas realizaram, a mando de parlamentares, atividades como desligamento de escutas e grampos instalados, com autorização judicial, em gabinetes e nas casas dos senadores Fernando Collor de Mello (PTB-AL) e Edison Lobão (PMDB-MA), além do ex-presidente e ex-senador José Sarney (PMDB-MA).

Foram alvo das ações de prisão provisória o diretor da polícia legislativa, Pedro Ricardo de Araújo Carvalho e os seguranças Geraldo César de Deus Oliveira, Everton Taborda e Antonio Tavares. O caráter ostensivo da ação assustou vários servidores que chegavam para iniciar o trabalho no Congresso, porque os policiais chegaram armados e trajando capuzes, por volta das 8h30.

As ações foram consideradas de “contrainteligência”, com o objetivo de obstruir investigações autorizadas legalmente, dentro da Operação Lava Jato, uma vez que os senadores que solicitaram estas varreduras são investigados. Há suspeitas, segundo a PF, de que gabinetes e residências de outros parlamentares também tenham sido alvo da iniciativa, que contou com verba e infraestrutura do Senado para ser realizada – inclusive a viagem destes agentes da segurança do Senado às casas dos senadores nos seus estados.

A polícia legislativa dispõe de equipamento utilizado com frequência em gabinetes dos senadores. O regimento do Senado autoriza a realização de varreduras antigrampo nas dependências do Congresso e afins – o que inclui as residências dos parlamentares.

De acordo a Superintendência de Polícia Federal, os trabalhos de hoje se restringem apenas à segurança legislativa do Senado. Não serão cumpridos mandados em residências nem em gabinetes dos parlamentares. A operação, segundo a PF, teria sido deflagrada a partir de denúncia de um servidor que fez delação premiada.

O Ministério Público solicitou o afastamento do exercício de função pública dos investigados, mas ainda não há confirmação sobre se o pedido será ou não aceito pela Justiça. A autorização para a ação de hoje foi emitida pela primeira instância da Justiça Federal, de abrangência do Tribunal Regional Federal (TRF-1).

Também estão sendo realizadas buscas em apartamentos localizados na região administrativa de Águas Claras, no Distrito Federal, onde moram vários integrantes da segurança legislativa que são alvo da operação. No momento, um trecho do Congresso está com a entrada fechada para visitantes. Embora muitas viaturas já tenham saído do local, alguns policiais continuam com a operação.

A Casa ainda não se manifestou, nem por parte da presidência nem pelos outros parlamentares. Espera-se para breve a divulgação de uma nota pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que viajou ontem para Alagoas.