Retrocesso

Doria vai dar mais espaço às OSs e cortar investimentos, prevê conselheira

Em gestão do tucano em São Paulo, os hospitais deverão deixar a administração direta e dar ênfase às políticas preventivas de saúde, mais caras e de menor resolutividade

Divulgação/Prefeitura São Paulo

Políticas preventivas, inclusive na saúde mental, deverão ser prejudicadas na gestão tucana

São Paulo – O prefeito eleito de São Paulo, João Doria Junior (PSDB), deverá ampliar a participação das organizações de saúde (OSs) na gestão dos equipamentos municipais de saúde e reduzir investimentos em políticas de prevenção de saúde, que trazem melhores resultados para a saúde da população e para os cofres públicos. O orçamento do setor também deverá ser prejudicado. A projeção é da conselheira municipal de Saúde de São Paulo Maria Adenilda Mastelaro.

De acordo com ela, a rede hospitalar municipal conta com 18 hospitais em todo o município, entre os quais 13 estão sob administração direta, e o restante gerido pelas OSs. Além desses, estão em construção os hospitais de Parelheiros, que deverá ficar pronto este ano, e da Brasilândia, previsto para o próximo ano. Ambos foram iniciados na gestão de Fernando Haddad (PT).

Embora a atual gestão tenha regulamentado a ação dessas organizações, o modelo é combatido pelos movimentos em defesa da saúde, que reivindicam a administração direta, com mais mecanismos de transparência e controle social, com servidores contratados por meio de concurso público.

Adenilda teme ainda que a política de saúde volte a ser pautada por ações curativas em detrimento da prevenção, como na gestão anterior, de José Serra-Gilberto Kassab.

“Foi um período em que a cidade contava com 115 AMAs, voltadas ao atendimento com especialidades. A pessoa tinha uma unha encrava, ia para a AMA, tudo era na AMA. Porém, não havia foco em medidas de promoção de saúde, como passou a ser feito na gestão Haddad, em que as AMAs passaram a ser integradas com UBSs, que fazem um trabalho voltado para a prevenção”, avalia. “Uma política voltada ao tratamento beneficia os hospitais, o setor de exames, de medicamentos, e é muito mais cara e menos resolutiva.”

Além disso, segundo a conselheira, a implementação da Rede Hora Certa permitiu reduzir a fila para exames diagnósticos. “Em todas as regiões houve redução nas filas. Houve também investimentos em centros de atenção psicossocial, que fazem um trabalho de promoção de saúde mental, atuando inclusive com populações vulneráveis, como aquelas em situação de rua.

“Foi também um período marcado pela maior liberdade de ação para os conselhos gestores e participação da população, inclusive na construção do plano municipal de saúde para vigorar entre 2014 e 2017.”

Adenilda teme ainda que avanços na política orçamentária também sejam barrados. É o caso da proposta de aumento dos investimentos municipais no setor defendida por Fernando Haddad. Um projeto de lei a ser enviado para a Câmara estabelece que o município eleve o mínimo atual de 15% da arrecadação, determinado pela Constituição Federal, para pelo menos 20%. “A gestão que acaba de ser eleita segue política de cortes em investimentos sociais, e não de ampliação.”