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Marcos Coimbra aponta voto útil da direita em SP e critica redução do tempo de campanha

Candidatos ricos se aproveitaram de tempo reduzido e de repulsa da população em relação à classe política

Sumaia Villela/Agência Brasil

‘Candidatos menos conhecidos não tiveram sequer condições de se apresentar porque os mais ricos e conhecidos já estavam na frente’

São Paulo – O sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi, Marcos Coimbra, avalia que, aliado a um período reduzido de campanha, que caiu de 90 para 45 dias, houve um voto útil conservador que explica a vitória do empresário João Doria Junior à prefeitura de São Paulo. “O que aconteceu foi que muitos eleitores que estavam talvez pensando em nomes como Marta e Russomanno, na última hora, resolveram votar no Doria. Com isso, ele confirmou o favoritismo e foi além do que as pesquisas previram.”

Segundo ele, a combinação das novas regras eleitorais, com redução do total de dias de campanha e aumento das inserções diárias das propagandas eleitorais no rádio e na TV criou confusão para o eleitorado.

“Não consigo ver como se considerar positiva uma reforma que diminuiu o tempo de campanha. Pelo contrário, quanto mais tempo para as pessoas conhecerem efetivamente os candidatos, melhor. Foi um bombardeio de informações sem tempo para serem adequadamente digeridas”, analisa Coimbra, em entrevista à Rádio Brasil Atual na manhã de hoje (3).

Para o sociólogo, outra distorção é que, com a proibição do financiamento empresarial de campanhas, se sobressaíram os candidatos “que são ricos, que têm condições de colocar o seu próprio dinheiro na campanha”. Segundo o presidente do Vox Populi, “candidatos menos conhecidos sequer tiveram condições de se apresentar, porque os mais ricos e mais conhecidos já estavam na frente.” Marcos Coimbra acredita que os sistemas eleitorais e de campanha devem ser novamente reformados já para o pleito de 2018.

Coimbra também afirma que era previsível a derrocada do PT nas eleições municipais, que retorna a um cenário similar de antes da chegada do partido ao governo federal, em 2003. O PMDB repete padrão histórico como o mais forte nas municipalidades. Já em relação ao PSDB, o analista afirma que o maior vitorioso é o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que sai fortalecido para a sucessão presidencial de 2018, após enfrentar resistências internas para bancar o nome de João Doria, eleito no primeiro turno na capital paulista. Além disso, contabiliza, muitos candidatos apoiados por Alckmin obtiveram bom desempenho nas pequenas e médias cidades do interior de São Paulo.

Já sobre os elevados índices de eleitores que não compareceram, votaram em branco ou nulo, Coimbra diz que representam tendência histórica, agravada pela desgaste vivido pela classe política como um todo, envolta em denúncias de corrupção, como no caso da Operação Lava Jato, que atingiu ainda mais o PT, partido que foi também seu principal alvo desde sempre.

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