São Paulo – O analista político Paulo Vannuchi afirma que o golpe do impeachment contra o mandato da presidenta Dilma Rousseff, se consumado, representará “ferida muito grave na democracia”, mas diz acreditar na força e mobilização dos movimentos sociais e sindical para barrar os planos de Temer de retirada de direitos do trabalhador. “Não acredito que Temer terá força para impor a sua agenda de anulação de todos os direitos conquistados.”

Em comentário no Seu Jornal, da TVT,ele também classifica um eventual governo Temer como “ilegal e ilegítimo”. “Ilegítimo porque, na democracia, só é legítimo o governo que nasce das urnas, do voto popular. Ilegal também porque José Eduardo Cardozo (advogado de defesa de Dilma) acaba de repetir pela décima vez que não há crime de responsabilidade.”

Mas o cientista político aposta na organização para superar o golpe: “Acho que a resistência vai sair vencedora, como foi quando (o ex-presidente ) Fernando Henrique (Cardoso) quis privatizar o Brasil inteiro, e o movimento sindical não deixou. A democracia brasileira já venceu uma ditadura. Vai dar trabalho, vai demorar, mas vai se reorganizar e derrubar esse novo golpe também”, prevê Vannuchi.

Gilmar Mendes

Sobre a polêmica do início da semana, quando o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes se insurgiu contra suposto vazamento de investigações da Operação Lava Jato envolvendo o colega de corte Dias Toffoli, Vannuchi classificou o episódio como “muito estranho”, e lembrou que Lula e Dilma são alvos de vazamentos ilegais há tempos, sem que haja nenhuma reação do Judiciário ou da mídia tradicional. “É escancarado esse processo de dois pesos e duas medidas.”

Para o comentarista, essa movimentação aponta para eventual ponto final da Lava Jato, que já teria cumprido o seu papel, de derrubar Dilma e atingir Lula e o PT, sugere Vannuchi.