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Vanessa Grazziotin reforça preocupação de que Temer fique imune às investigações

Senadora do PCdoB destacou em seu discurso na sessão de ontem que, caso seja efetivado como presidente, acusações de envolvimento do interino no escândalo de corrupção na Petrobras ficariam para 2019

Marcelo Camargo/Agência Brasil

Se impeachment passar, Temer herdará imunidade processual que impede investigação por fatos pretéritos

São Paulo – Durante as discussões que antecederam a votação que instaurou acusação formal contra a presidenta Dilma Rousseff no processo de impeachment ontem (10), a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) alertou que, caso o interino Michel Temer seja efetivado no cargo, escaparia das investigações por suspeita de corrupção que voltaram a acossá-lo no final de semana, com o surgimento de novas denúncias.

Se não brecarmos esse processo agora, se a presidenta Dilma for cassada e tiver o seu mandato retirado por esse Congresso Nacional que se transformou num colégio eleitoral de exceção, o presidente (interino) herdará, além da cadeira da presidência, a imunidade processual, ou seja, nenhuma ação, nenhum processo mais poderá ser movido contra ele”, afirmou a senadora.

A “imunidade processual” se daria pois, segundo a Constituição Federal, o presidente não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao mandato ou cometidos anteriormente. Eventuais denúncias só poderia ser retomadas ao fim do seu mandato. Ao assumir a cadeira da presidência, portanto, Temer só poderá ser investigado por desvios que vier a cometer, o que dependeria ainda de autorização do Câmara dos Deputados, assim como no atual processo de impeachment contra Dilma.

O mesmo entendimento baseou decisão do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, por exemplo, quando rejeitou investigar Dilma por acusações de irregularidades nas contas da campanha de 2010.

A revista Veja do último fim de semana afirma que eventual delação premiada de executivos da Odebrecht na Lava Jato trariam provas de que o interino Michel Temer fez pedido de propina no valor de R$ 10 milhões, pagos em dinheiro vivo e não declarado oficialmente (caixa 2) destinado à campanha eleitoral do PMDB em 2014. O montante teria sido efetivamente repassado a integrantes do partido.

Também no âmbito da Lava Jato, a Procuradoria-Geral da República (PGR) analisa se vai incluir o Temer nas investigações de desvios na Petrobras. Segundo delação do ex-senador Delcídio do Amaral, o interino teria dado “chancela” à indicação de ex-diretores da estatal envolvidos em corrupção.

Por conta do risco de eventual brindagem ao interino, Vanessa Grazziotin, junto com  os senadores Lindbergh Farias (PT-RJ),Gleisi Hoffmann (PT-PR), Fátima Bezerra (PT-RN), e a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) protocolaram na PGR na última segunda-feira (8) pedido da suspensão das funções públicas de Temer.

Caso a PGR não analise esse e os casos anteriores que dão conta do envolvimento do interino nos casos de corrupção investigados pela Lava Jato até o final do julgamento do impeachment, previsto para ocorrer no final deste mês, e caso o afastamento definitivo da presidenta Dilma Rousseff seja aprovado, as investigações das denúncias envolvendo o interino Michel Temer ficariam para 2019.