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Países lamentam fim do governo Dilma. Venezuela condena ‘golpe oligárquico’

Venezuela diz que impeachment é 'traição histórica contra povo do Brasil' e convoca embaixador de volta, assim como o Uruguai e o Equador. Cristina e Cuba lamentam

Ismael Francisco/Cubadebate/fotos públicas

Em maio, Maduro já havia determinado a saída do embaixador venezuelano do Brasil

Opera Mundi – O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, condenou hoje (31) o “golpe oligárquico da direita”, em referência ao impeachment da presidente Dilma Rousseff. O Ministério das Relações Exteriores do país, por sua vez, anunciou que irá retirar seu embaixador de forma definitiva do Brasil e que congelará as relações políticas e diplomáticas com o governo de Michel Temer.

Pelo Twitter, Nicolás Maduro manifestou solidariedade à presidente destituída e ao povo brasileiro. “Toda a solidariedade com Dilma e o povo do Brasil, condenamos o golpe oligárquico da direita. Quem luta vence!”, escreveu.

Em nota publicada em seu site, o Ministério das Relações Exteriores da Venezuela condenou o “golpe de Estado parlamentar” contra Dilma Rousseff, que “perigosamente substituiu ilegitimamente a vontade popular de 54 milhões de brasileiros, violando a Constituição e alterando a democracia desse país irmão”.

O comunicado afirma também que o governo venezuelano decidiu retirar definitivamente seu embaixador no Brasil e congelar as relações políticas e diplomáticas com o novo governo brasileiro.

“O Governo da República Bolivariana da Venezuela, para salvaguardar a legalidade internacional e solidária com o povo do Brasil, decidiu retirar definitivamente seu embaixador da República Federativa do Brasil e congelar as relações políticas e diplomáticas com o governo surgido deste golpe parlamentar”, diz o texto.

Em maio, após a abertura do processo de impeachment pelo Senado brasileiro, Nicolás Maduro havia determinado que o embaixador do país no Brasil, Alberto Castellar, retornasse a Caracas.

A nota afirma que o processo de impeachment de Dilma foi consumado pelas “oligarquias políticas e empresariais em aliança com fatores imperiais”, que “recorreram a artimanhas antijurídicas sob o formato de crime de responsabilidade para aceder ao poder pela única via que é possível a eles: a fraude e a imoralidade”.

De acordo com a chancelaria venezuelana, “foi executada uma traição histórica contra o povo do Brasil e um atentado contra a integridade da mandatária mais honesta no exercício da presidência da República Federativa do Brasil”.

Argentina

A ex-presidente da Argentina Cristina Kirchner também manifestou solidariedade a Dilma: “Consumou-se no Brasil o golpe institucional: nova forma de violentar a soberania popular”, escreveu Cristina em seu perfil no Facebook, em um post com um foto da manifestação do dia 18 de março na Avenida Paulista, em São Paulo, contra o impeachment da então presidente do Brasil.

Bolívia

O presidente da Bolívia, Evo Morales, também condenou o impeachment e também confirmou que seu país convocou o embaixador no Brasil: “Condenamos o golpe parlamentar contra a democracia brasileira. Acompanhamos a Dilma, Lula e seu povo nesta hora difícil”, afirmou o mandatário boliviano em sua conta no Twitter.

“Estamos convocando a nosso embaixador no Brasil para assumir as medidas que neste momento se aconselham”, escreveu Morales em outra postagem.

Cuba

O governo de Cuba divulgou um comunicado rechaçando “energicamente o golpe de Estado” cometido no Brasil contra Dilma Rousseff.

Pelo documento, o governo também afirmou que a decisão do Senado brasileiro “constitui um ato de desacato à vontade soberana do povo que a elegeu”, visto que não foi apresentada “nenhuma evidência” de que ela tenha cometido crime de responsabilidade, acusação pela qual foi julgada e condenada.

O comunicado ainda lembrou as conquistas de Dilma Rousseff e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Entre elas, cita “o crescimento produtivo com inclusão social, a defesa de seus recursos naturais, a geração de emprego, o combate à pobreza, a saída da miséria de mais de 35 milhões de brasileiros que viviam em condições desumanas e a elevação do ingresso de outros 40 milhões, e a ampliação das oportunidades na educação e saúde do povo”.

“São amplamente conhecidos os esforços de Lula e Dilma para reformar o sistema político e ordenar o financiamento dos partidos e suas campanhas, assim como o apoio às investigações contra a corrupção que foram abertas e à independência das instituições encarregadas por elas”, diz o documento.

Além disso, o governo comandado por Raúl Castro menciona o papel “de protagonismo” do Brasil nas iniciativas de integração latino-americana e caribenha, sua projeção na África e o reconhecimento à “liderança internacional” do país na ONU e no BRICS (grupo de países em desenvolvimento composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).

O comunicado também fala das medidas anunciadas pelo novo governo brasileiro, cuja Presidência será ocupada até 2018 pelo presidente interino Michel Temer. “As forças que agora exercem o poder anunciaram medidas privatizadoras sobre as reservas petrolíferas em águas profundas e cortes aos programas sociais”.

“O que ocorreu no Brasil é outra expressão da ofensiva do imperialismo e a oligarquia contra os governos revolucionários e progressistas da da América Latina e do Caribe, que ameaça a paz e a estabilidade das nações”, afirma a mensagem.

O governo cubano, por fim, “expressa sua confiança de que o povo brasileiro defenderá as conquistas sociais alcançadas” dizendo que “irá se opor com determinação às políticas neoliberais que tentem impor (ao Brasil) e ao despojo de seus recursos naturais”.

Equador

O presidente do Equador, Rafael Correa, manifestou sua solidariedade à ex-presidente brasileira e disse que também irá “retirar o encarregado” da Embaixada do Equador em Brasília.

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