Impeachment

Dilma diz que nunca interferiu no ‘Fora, Dilma’ nos estádios

Presidenta criticou cerceamento aos protestos contra Temer nas Olimpíadas. Vanessa Grazziotin disse que, se Dilma não perder o mandato, precisa 'debater um pacto com a sociedade e plebiscito'

Marcelo Camargo/ Agência Brasil

“Por que estão fazendo todas as gestões para não fazer o julgamento (de Eduardo Cunha)?”, questiona Dilma

São Paulo – Antes de o presidente da sessão, Ricardo Lewandowski, chamar um intervalo de uma hora na sessão em que Dilma Rousseff responde a perguntas dos senadores no início da noite de hoje (29), a presidenta lembrou o viés autoritário do governo interino. “Eu sempre disse que prefiro a voz rouca das ruas do que o silêncio da ditadura”, disse. “Nunca interferi no ‘Fora, Dilma’ nos estádios”, acrescentou, em referência à repressão aos manifestantes contra Temer nas arenas esportivas durante as Olimpíadas.

Segundo ela, o golpe “tem um padrinho, e esse padrinho se chama Eduardo Cunha”. “Por que estão fazendo todas as gestões para não fazer esse julgamento, para jogá-lo às calendas gregas? Condenam uma pessoa inocente por três decretos e o Plano Safra e adiam o julgamento, criando um conluio para evitar este julgamento.”

A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) afirmou, no intervalo da sessão, que o Senado vive “dias que valerão por anos”. “Temos muitas expectativas para barrar esse processo de golpe. Michel Temer nunca teve legitimidade. O que vai acontecer (depois da votação) vai depender do resultado”, disse. A senadora voltou a defender a realização de eleições para devolver ao povo a legitimidade do processo político.

“Se ela (Dilma) voltar, tem que se sentar com todos os segmentos da sociedade, não só com os senadores, e debater um pacto e o plebiscito. A crise é tão grave que a gente tem que buscar socorro no povo”, afirmou Vanessa. “A gente sabe que o desejo da população é por novas eleições. Quem ganhar (um novo processo eleitoral) vai ter legitimidade para continuar o que está sendo feito (pelo governo interino) ou rejeitar.”

Gleisi Hoffmann (PT-PR) avalia que a presidenta “está desmontando” os argumentos dos defensores do impeachment. “Ela está denunciando que é uma farsa, que, se aprovado, vai ser um golpe. Mais do que isso, está mostrando o papel do Congresso na crise”, disse. Para Gleisi, Dilma está provocando “desconforto na base do governo” interino de Michel Temer. “Os senadores estão constrangidos de fazer perguntas”, disse. Em diversos momentos durante a tarde, a presidenta falou da responsabilidade da Câmara no processo da crise, por exemplo com as pautas-bomba de Cunha ou ao não votar projetos do governo.

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) ressaltou o fato de ser um parlamentar de oposição ao governo, mas que o processo de impeachment de Dilma pode se traduzir como “uma resposta à história”. Ele justificou sua posição contra o impedimento de Dilma. “Tenho que fazer uma escolha: se vou entrar pela porta dos fundos ou pela porta da frente da história.”

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