Gleisi Hoffmann: ‘Querem que Dilma seja punida por todos os pecados da política’
Senadora petista acredita que ainda é possível convencer senadores a mudarem o voto na sessão final, prevista para a última semana deste mês
Publicado 11/08/2016 - 14h04
‘O conjunto da obra para ser julgado tem que ser nas urnas, porque estamos no presidencialismo’, diz Gleisi
São Paulo – Em entrevista à Rádio Brasil Atual, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) afirmou hoje (11) que há expectativa de que senadores mudem o voto na sessão final que decide o impeachment da presidenta Dilma Rousseff, prevista para a última semana deste mês. “É possível converter votos dos senadores. Aos senadores com quem temos conversado, a gente pede que eles se manifestem na votação final, quando se encerra o processo do impeachment.”
Gleisi também disse que a presidenta afastada não pode ser julgada pelo “conjunto da obra”, pois fere o presidencialismo. “O conjunto da obra para ser julgado tem que ser nas urnas, porque estamos no presidencialismo. Como a presidenta vai ser julgada por um parlamento? Se querem julgá-la por isso, faremos eleição, mas faremos geral, porque o Congresso não tem moral para julgar a presidenta.“
Leia trecho da entrevista abaixo:
Em seu discurso no Senado, a sra. afirmou: “Hipócritas, a história não vai perdoar”…
A história não vai perdoar. Nós temos um sistema político altamente comprometido. No Congresso Nacional, parlamentares denunciados e investigados estão julgando a presidenta Dilma. Querem que ela seja punida por todos os pecados políticos que nós temos. Isso não pode acontecer. Temos um conjunto de pessoas que não podem apontar o dedo para ninguém, são realmente hipócritas.
A sra. também disse que o impeachment não pode ser o conjunto da obra
O conjunto da obra, para ser julgado, tem que ser nas urnas, porque estamos no presidencialismo. Como a presidenta vai ser julgada por um parlamento? As pessoas que acham que a política e a economia estão ruins, mas fizeram isso ficar ruim, já que a mídia, constantemente, falava que tudo estava ruim. Então, criou-se um clima forte contra Dilma. Se querem julgá-la por isso, faremos eleição, mas faremos geral, porque o Congresso não tem moral para julgar a presidenta.
Quais os próximos passos do processo do impeachment no Senado?
Agora, estamos na fase que vai preparar o julgamento da presidenta. A acusação já apresentou a peça de acusação ontem. O advogado José Eduardo Cardozo tem 48 horas para fazer a contestação da defesa. A partir daí, contam-se dez dias para marcar a da sessão do julgamento final. Então, nós vamos marcar a sessão, que deve acontecer na última semana de agosto. Marcada a sessão, ouviremos as testemunhas, vamos julgar preliminares e as questões de ordem e depois entrar no debate do mérito.
Qual a expectativa dos senadores contra o impeachment?
É possível converter votos dos senadores. Nesta última fase que votamos sobre a pronúncia, o nosso objetivo era manter o número de votos que tivemos na outra sessão da admissibilidade, mas perdemos um voto. Estamos conversando muito com os senadores, e há parlamentares que sabem que não há crime de responsabilidade, o próprio Ministério Público Federal mandou arquivar as denúncias sobre as pedaladas.
Nós também avaliamos que se houvessem muitos votos nesse início, os senadores sofreriam muita pressão até o dia da votação. Aos senadores com quem temos conversado, a gente pede que eles se manifestem na votação final, quando se encerra o processo do impeachment. Nós temos, sim, condições de virar votos e evitar que 54 senadores votem a favor do impeachment.
Qual a sua expectativa em relação ao pedido de suspensão do impeachment junto à OEA?
Acho esse pedido importante. Quando a democracia é ferida temos de recorrer a todas as instâncias. Temos ouvido o pessoal da situação dizendo que isso fere a soberania do Brasil, mas a democracia não pode estar sujeita ao mando de um grupo político que tem maioria no Congresso e rasga a Constituição, e quando ela está sendo questionada devemos recorrer a todas instâncias.
Ouça: