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‘Forças econômicas que patrocinaram golpe querem ofensiva neoliberal’, diz especialista

“A história com certeza não vai demorar muito, e mais rápido do que imaginaram, ficará claro que foi um golpe”, afirmou o coordenador da Consulta Popular, Ricardo Gebrim

Sindicato dos Químicos/SP

Gebrim acredita que o resultado da votação encontrará grande resistência social

São Paulo – O coordenador do movimento Consulta Popular, o advogado Ricardo Gebrim, defendeu hoje (31) que o impeachment de Dilma Rousseff é uma estratégia de grupos econômicos e sociais para implementar uma agenda neoliberal, com privatizações e reduções de direitos sociais. Gebrim acredita que o resultado da votação, considerado por ele como a “a consumação de um golpe”, encontrará grande resistência social.

“As forças econômicas e sociais que patrocinaram o golpe querem uma nova ofensiva neoliberal para mudar o marco regulatório do petróleo, reduzir direitos trabalhistas e privatizar o setor elétrico”, defendeu Gebrim. “A farsa jurídica que tentaram construir foi desconstruída pelo depoimento firme e corajoso da presidenta Dilma. A história com certeza não vai demorar muito e mais rápido do que imaginaram ficará claro que foi um golpe. Isso vai possibilitar que essa página da história seja enfrentada com muito mais rigor.”

Para Gebrim, a articulação do impeachment da presidenta Dilma passa por grupos econômicos internacionais, principalmente ligados aos Estados Unidos, que estão incomodados com a articulação econômica dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). “Há o interesse também em mudar o marco regulatório da partilha do pré-sal. Já começaram a retirar a Petrobras como principal empresa e já acabaram com o fundo soberano do pré-sal”, diz.

O coordenador da Consulta Popular lembrou que 46% do setor elétrico brasileiro pode ser privatizado, incluindo as usinas hidrelétricas. “São valores monstruosos. Nada oferece um lucro tão rápido neste momento para as corporações de capital estrangeiro internacional”, disse. “Além disso, setores da burguesia brasileira foram atraídos pela retirada de direitos trabalhistas. A base foi a classe média alta, mas que já começa a gradativamente a perceber o que fez.”

Neste cenário, a resistência dos movimentos sociais deve ser intensa, acredita Gebrim. “Temos pontos a nosso favor: a sociedade brasileira já vivenciou uma ofensiva neoliberal, já sabe o engodo das privatizações”, disse. “Há também uma memória coletiva positiva desses anos de governo petista com as conquistas de direitos sociais. Esse quadro todo é outro elemento favorável, porque foram poucos governos da América Latina capazes de responder à maioria com políticas sociais. Toda vez que isso aconteceu ficaram marcas profundas.”

“Para aplicar uma agenda neoliberal, Temer vai precisar reduzir direitos democráticos porque não será possível aplicá-la com determinados espaços democráticos já funcionando. Será preciso esvaziá-los”, afirma. “Essa ofensiva não será fácil para eles. Existirão luta e mobilizações.”

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