impeachment

Ex-ministro de Dilma, empresário Armando Monteiro mantém voto contra o golpe

Senador Randolfe Rodrigues diz que é oposição a Dilma, mas a questão é julgar 'se uma maioria parlamentar eventual, caracterizada pelo fisiologismo e a corrupção, pode substituir o povo”

Ana Volpe/Agência Senado

Segundo Monteiro, processo de impeachment “tem na sua gênese nas disfunções do presidencialismo de coalizão”

São Paulo – Ex-presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), uma das mais poderosas entidades patronais do país, e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior de Dilma Rousseff, o empresário Armando Monteiro (PTB-PE) confirmou o voto contra o impeachment da presidenta Dilma Rousseff em seu discurso na noite de hoje (30). Ele já havia votado contra a instauração do processo em 12 de maio. “Não podem restar incertezas e dúvidas quando se afasta a presidente da República, legitimamente eleita”, disse. “Quero reafirmar minha posição e meu voto contrário ao impeachment da presidente Dilma”, declarou ao encerrar seu pronunciamento.

O senador disse que o princípio jurídico da razoabilidade deve ser respeitado ao se chegar politicamente a uma “sanção extrema” como a perda do mandato de um presidente da República. “O núcleo formal da denúncia, decretos e pedaladas, são questões controversas, e, portanto, frágeis”, afirmou. Segundo ele, o processo de impeachment “tem na sua gênese nas disfunções do presidencialismo de coalizão”.

Ele comentou as alegadas irresponsabilidades fiscais da gestão de Dilma dizendo que ela ia debater um projeto contra o crescimento de gastos públicos, mas culpou a “radicalização” instaurada no Congresso como um fato que bloqueou a pretendida iniciativa.  “O interesse maior era o de afastamento da presidente da República.”

Monteiro defendeu que a atual trajetória da dívida pública deve ser interrompida para proporcionar a volta do crescimento econômico do país e afirmou que, na política econômica, o “governo interino tem emitindo sinais ambíguos, incompatíveis com a gravidade do quadro fiscal”.

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) também declarou seu voto contrário ao impedimento. Ele disse que, apesar das divergências e de ser oposição ao governo Dilma, “o que estaremos julgando é a democracia brasileira”. “Estaremos julgando se uma maioria parlamentar eventual, caracterizada pelo fisiologismo e a corrupção, pode substituir o povo.”

O senador voltou a denunciar o “conluio” para produzir a peça acusatória do Tribunal Contas da União no processo de impeachment. Randolfe entrou com duas representações, no Conselho Nacional do Ministério Público e no Ministério Público Federal, contra o técnico Antonio Carlos D’Ávila Carvalho, ex-auditor de controle externo do Tribunal de Contas da União (TCU), e o procurador Júlio Marcelo de Oliveira (leia aqui).

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