Jogos Olímpicos

‘Eu quero que a Olimpíada dê certo. Ser contra é uma tolice’, diz Roberto Amaral

Ex-presidente do PSB lembra que Copa de 2014 e Jogos Olímpicos foram conquistas do governo Lula e volta a defender manifestações, como a de hoje no RJ, como 'grande alternativa para barrar o golpe'

Ichiro Guerra

Amaral: “Se impeachment contra Dilma for alcançado, estará instalada no Brasil uma ditadura constitucional”

São Paulo – Ex-presidente do PSB, o cientista político Roberto Amaral continua a acreditar que, para barrar o impeachment, “a grande alternativa ainda é a mobilização popular”. “Teremos uma grande mobilização no Rio de Janeiro, nesses primeiros momentos da Olimpíada”, diz, sobre as manifestações previstas para esta sexta-feira (5), que coincidem com a abertura dos Jogos. Ele lembra que agosto é o “mês crucial”. Espera-se para o fim do mês a definição para o processo no Senado Federal. O ato de hoje é organizado por CUT, movimentos sociais e sindical ligados à Frente Povo Sem Medo, Frente Brasil Popular e Frente de Esquerda Socialista.

Amaral discorda de setores de esquerda que torcem “contra” ou acham que os Jogos Olímpicos têm de dar errado em função de questões políticas, assim como a direita torceu para que a Copa do Mundo desse errado em 2014.

“Eu quero que a Olimpíada dê certo. É importante para o país, para o nosso povo, para levantar a alma do povo. Ser contra nunca deu certo. Isso é uma besteira, uma tolice. Tanto a Copa do Mundo como a Olimpíada foram conquistas do governo Lula”, lembra. “São projetos que o Brasil acalentava havia anos e anos. E é importantíssimo para recuperar a economia do Rio, que está abalada com a crise dos preços do petróleo.”

Para Amaral, o debate sobre o golpe em andamento no país precisa se concentrar nas questões essenciais, e não periféricas. O impeachment da Dilma não é um fim em si mesmo, diz, mas um instrumento necessário para mudar a sociedade brasileira. “Se o impeachment for alcançado estará instalada no Brasil uma ditadura constitucional.”

Plebiscito

Uma das questões mais polêmicas atualmente, e motivo de debate intenso entre setores da esquerda brasileira, o plebiscito e a antecipação das eleições presidenciais continua não tendo o apoio de Amaral. “Isso é um erro tático, um erro estratégico, político e doutrinário. Não podemos discutir isso no momento.”

Na segunda-feira (1º), a presidenta afastada Dilma Rousseff voltou a defender a ideia, em entrevista à BBC. “Estou defendendo um plebiscito porque quem pode falar o que eu devo fazer não é nem o Congresso, nem uma pesquisa, ou qualquer coisa. Quem pode falar é o conjunto da população brasileira que me deu 54 milhões e meio de votos”, disse Dilma.

Mas, para Amaral, a discussão no momento é outra. “É o combate ao golpe. Só se devem cogitar as alternativas constitucionais após o desenlace”, diz.

Ele ressalta que “o presidente ilegítimo” está usando a força do governo para pressionar o Senado no sentido de apressar o julgamento. “Está nos jornais toda a manipulação. Atrasar o julgamento de Eduardo Cunha, o compromisso do Renan Calheiros para apressar o julgamento (do impeachment) no Senado.”

O ex-presidente histórico do PSB comentou a posição do ex-petista Cristovam Buarque, cujo voto algumas análises julgavam possível de ser revertido na decisão do final de agosto. Mas, ontem (4), o senador do PPS do Distrito Federal sinalizou que manterá sua posição contra Dilma. “Não sou golpista, como o Senado não é um quartel”, afirmou.

“Cristovam deixou que a bílis e o sentimento de mágoa superassem a visão histórica. O problema é pura e simplesmente este”, diz Amaral, acrescentando que o senador “tem um problema visceral com o PT e uma mágoa por ter sido demitido em condições grosseiras, reconheço, pelo Lula, e acha que não reconheceram o mérito dele com o Bolsa Família”.

Em 2004, Lula demitiu o então ministro da Educação por telefone, segundo a imprensa. Mas, para Amaral, a postura de Cristovam Buarque é uma questão menor e não deveria interferir em posicionamentos políticos que interferem na história do país. “São questões menores diante do quadro histórico. A origem de toda essa crise é uma coisa menor, que é o desentendimento do Eduardo Cunha com o governo. Lamentavelmente a história é feita de questões menores, no mundo todo.”

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