golpe em curso

Repercussão: Dilma fez discurso ‘duro e emocionante’, diz jornal espanhol

Veículos internacionais falam de 'última batalha' de presidenta Dilma Rousseff e da probabilidade de impeachment de mandatária brasileira

Marri Nogueira/Agência Senado

El País disse que, em discurso ‘duro e emocionante’, Dilma ‘deixou claro de que está sendo expulsa injustamente’

Opera MundiJornais internacionais repercutiram o discurso da presidenta Dilma Rousseff perante o Senado brasileiro nesta segunda-feira (29/08). O espanhol El País classificou a fala da mandatária como dura e emocionante. Dilma foi ao Senado para se defender das acusações de crime de responsabilidade que visam destitui-la de seu cargo.

Em artigo, o El País disse que, em discurso “duro e emocionante”, Dilma “apelou aos sentimentos, à sua história política, ao seu caráter e à sua trajetória para deixar claro de que está sendo expulsa (da Presidência) injustamente”.

Ela sabe. Sabe que só um milagre a salvará (do impeachment), sabe que tudo está perdido. Ou quase. Por isso, apesar desta interpelação, Rousseff não dirigiu seu discurso só aos senadores, mas ao país inteiro, aos livros de história, ao seu próprio retrato e à sua própria biografia, consciente da dimensão do momento, da importância do discurso, escreveu o autor do texto, Antonio Jiménez Barca.

Além disso, o jornal trata da operação Lava Jato, que investiga esquemas de corrupção que envolviam desvio de dinheiro da petrolífera Petrobras. Apesar de reconhecer que nunca foi descoberto nada que visasse concretamente Rousseff — sua honestidade pessoal nunca foi posta em causa, o Público diz que a presidente convivia com esse sistema político que ninguém duvida que seja corrupto.

A emissora norte-americana CNN também comentou o discurso da presidente quem, segundo o veículo, “não tem intenção de aceitar seu impeachment sem uma luta”.

“Não está claro se um discurso emocionado irá fazer algum bem (para ela). A maré de opiniões está contra ela, e sua aparição (perante o Senado) é esperada que seja seu último pronunciamento público”, afirmou a CNN.

Segundo a emissora, o processo de impeachment se arrastou por meses e é um “retorno desagradável à realidade” para o Brasil após as celebrações dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, que, “apesar de ter orquestrado, Rousseff foi impedida de comparecer”.

“(Esta) é uma crise política que os brasileiros comuns poderiam ficar sem — o país está tentando sair de uma recessão”, disse a emissora.

Outro veículo norte-americano que também abordou o discurso da presidente foi o jornal USA Today.

“Após quatro dias de briga intensa na capital do Brasil sobre as acusações enfrentadas por Rousseff, ela teve sua chance de se defender (…) Rousseff usou seu discurso de 45 minutos para ressaltar sua história política e pessoal”, escreveram os autores do artigo.

Para o jornal, vem se construindo um “momentum” contra a mandatária brasileira, “que está ficando sem tempo de convencer os outros senadores a mudarem seus votos (em seu favor)”.

Na América do Sul, o jornal argentino Clarín também se pronunciou em relação ao discurso da mandatária, que classificou como “uma histórica declaração de defesa”.

“A presidente enfrenta agora sua última batalha, em uma sucessão de crises que arrasta desde que iniciou seu segundo mandato, em 1º de janeiro de 2015”, escreveu a jornalista Eleonora Gosman.

Os parlamentares precisam de 54 votos para impedir Dilma. Em maio, quando era votado seu afastamento, apenas 22 dos 81 senadores votaram pela permanência da presidente. Caso ela perca a votação, o presidente interino e vice-presidente Michel Temer assumirá definitivamente o Palácio do Planalto até 2018. A votação no Senado deve ocorrer amanhã (31).