crise política

Secretário-geral da Unasul defende continuidade democrática no Brasil

Entidade criticou o processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff pela “forma como estava ocorrendo o processo de destituição” e sugeriu um pacto por novas eleições

Micaela Ayala V./Andes/Agência Brasil

Samper disse que a Unasul continua reconhecendo Dilma como presidenta constitucional do país

Rio de Janeiro – O secretário-geral da União de Nações Sul-americanas (Unasul), Ernesto Samper, disse hoje (12), em evento no Rio de Janeiro, que o Brasil precisa retomar a continuidade democrática e a governabilidade para sair da crise política. Samper participou da sétima edição do Café Unasul, espaço alternativo em que se reúne com jovens universitários e professores para debater temas como educação, direitos humanos, meio ambiente, trabalho e segurança.

Crítico do afastamento da presidenta Dilma Rousseff, o colombiano disse que a Unasul condenou o impeachmentpela “forma como estava ocorrendo o processo de destituição” e disse que a entidade continua reconhecendo a petista como presidenta constitucional do país.

Para Samper, qualquer saída para a crise política do país deve assegurar a continuidade democrática e avançar “na capacidade de governabilidade que o Brasil precisa”. Segundo ele, essas condições seriam respeitadas com a volta de Dilma ao poder ou com a antecipação das eleições presidenciais.

“Se a presidenta e o vice-presidente (presidente interino, Michel Temer), num gesto patriótico, fizessem um acordo nacional para acertar essa eleição, o presidente da Câmara, que será eleito nos próximos dias, poderia assumir o cargo de presidente da República temporariamente até que se celebrem as eleições”, sugeriu.

Apesar da instabilidade política no Brasil, Samper disse que a atuação da Unasul no país, que envolve 12 conselhos setoriais, segue normalmente com os ministros indicados pelo governo interino.

Café Unasul

Samper disse que o evento com estudantes pretende discutir o projeto político da região. As ideias debatidas serão catalogadas por um grupo de professores de uma universidade da região, que fará um perfil com as opiniões sobre esses temas.

No ano passado, o encontro ocorreu no Equador, Peru, Colômbia e duas vezes na Argentina. Este ano, o evento passou pela Bolívia e ocorre pela primeira vez no Brasil, organizado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

O reitor da instituição, Roberto Leher, destacou a importância da integração do continente nas áreas de ensino e pesquisa. “Temos a associação das universidades do grupo de Montevidéu, que reúne 32 universidades da América do Sul e estamos debatendo nesse momento possibilidades de intercâmbio de estudantes, de dupla diplomação em alguns cursos, de mobilidade de estudantes também na pós-graduação, com a possibilidade do que nós chamamos de co-tutela. Eu por exemplo, como professor da UFRJ, poder orientar um estudante da universidade de Buenos Aires e assim sucessivamente.”

Para Leher, as pesquisas em áreas estratégicas como aquecimento global e fármacos têm importância transnacional e por isso exigem parcerias. “Não vamos resolver, por exemplo, aquecimento global apenas no Estado brasileiro, nós precisamos ultrapassar esse campo de pesquisa. O problema do mosquito da dengue, zika, chikungunya, não reconhece fronteiras nacionais. Então, precisamos desse esforço de pesquisa capaz de capilarizar com as universidades latino-americanas em temas muito estratégicos, como fármacos, insumos para o Sistema Único de Saúde”, disse.

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