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Para Dilma, eleição de presidente da Câmara deve pôr fim à influência de Cunha

“Eu acredito que hoje é um dia de uma grande conquista', afirma a presidenta, ao defender a escolha de um nome independente, de um parlamentar que seja comprometido com a luta contra o impeachment

Roberto Stuckert Filho / PR

“Eu acredito que hoje é um dia de uma grande conquista”, afirmou Dilma sobre a eleição na Câmara

São Paulo – A presidenta Dilma Rousseff afirmou hoje (13), em entrevista à Rádio Itatiaia, que a eleição do novo presidente da Câmara poderá interromper a influência de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) sobre os parlamentares. A eleição é disputada por 14 nomes, entre os quais a deputada Luiza Erundina (psol), que poderia ser a primeira mulher a presidir a casa, embora seu nome não seja dado como favorito. Outro nome que tem apoio da bancada de oposição ao governo interino é o do deputado Marcelo Castro (PMDB-PI).

“Eu acredito que hoje é um dia de uma grande conquista. Sem sombra de dúvida, as lágrimas eram de crocodilo, a gente respeita a dor das pessoas”, disse a presidenta, referindo-se com ironia ao choro de Cunha na quinta-feira (7), quando renunciou à presidência da Casa na tentativa de escapar da cassação de seu mandato. “As lágrimas são de crocodilo porque há uma tentativa clara do controle de quem vai governar a Câmara por parte do senhor Eduardo Cunha”, afirmou.

“Ele quer controlar o processo mesmo fora da presidência e para isso construiu vários cenários. Tem um cenário mais importante e ele trabalha com esse cenário”, disse em relação ao candidato supostamente apoiado por Cunha, o deputado Rogério Rosso (PSD-DF), que presidiu a comissão do impeachment na Câmara. “Eu acredito que a posição, e não é só do PT, mas de todos aqueles que têm compromisso com a reconstrução do processo na Câmara, passa necessariamente pela votação de uma pessoa, de um deputado com independência em relação ao senhor Eduardo Cunha”, disse Dilma.

“Eu estava lendo nos jornais uma denúncia gravíssima de que o Eduardo Cunha controlava os parlamentares por meio de pagamentos de benefícios, de propinas a eles. E que isso corroeu a Câmara. Isso foi muito grave. Eu tenho certeza, isso vai ser investigado, não sei precisar quem fez ou deixou de fazer, mas isso deve ser investigado”, afirmou.

A eleição de hoje representa, segundo Dilma, para mudanças no sentido de superar a grave crise política que tomou conta do país. “Agora, nós temos de interromper esse processo, e como? O primeiro passo é isso que hoje nós estamos vendo na Câmara, que é uma grande quantidade de candidaturas, e dentro delas, vamos buscar aqueles que não aprovaram o processo de impeachment. E não tiveram uma participação naquela cerimônia (votação da admissibilidade do impeachment) que mostrou no dia 17 de abril um problema muito sério, que era uma qualidade de voto comprometedor que inclusive constrangeu o Brasil”, disse.

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