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Deputados se apressam para negociar candidaturas à presidência da Câmara

Líderes afirmam que situação de instabilidade na Casa está insustentável. “Se cassação não for votada logo, Judiciário poderá tomar providências”, diz Wadih Damous

memória/ebc

Parlamentares acham que não há mais condições de reverter o processo que levará à cassação de Cunha

Brasília – Líderes partidários da Câmara combinaram de se reunir na próxima semana para definir como ficarão as articulações para as candidaturas à presidência da Casa, em caso de cassação ou renúncia do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). A informação repassada hoje (1º ) foi de que o PSDB está cada vez mais próximo de formar um bloco ao lado de PMDB, DEM e PPS, de forma a ser apresentado um candidato único por este grupo, descartando alguma candidatura isolada. O nome a ser lançado deverá disputar a vaga com um candidato do chamado centrão – bloco formado pelas legendas PP, PSD, PR e PTB e outros a serem apresentados em separado pelo PT e demais legendas.

A tendência levará ao racha entre as siglas que faziam oposição ao governo Dilma Rousseff, caso venha a ser confirmada a divisão. A separação se dá, de acordo com alguns parlamentares, porque existem, entre integrantes do grupo do centrão, deputados que mesmo com o desgaste de Eduardo Cunha ainda demonstram disposição de aceitar um nome ligado a ele.

PSDB e mesmo o PMDB acham que a situação do deputado fluminense é cada vez mais difícil e não há mais condições de reverter o processo que levará à sua cassação.

Na manhã de hoje (1º), o líder do governo na Câmara, deputado André Moura (PSC-CE), afirmou que a situação de instabilidade política na Câmara precisa ser revertida o quanto antes, diante do desgaste continuado que tem sofrido a instituição.

Segundo ele, mesmo ainda não tendo sido definida a posição de Eduardo Cunha (uma vez que o processo de cassação do deputado está previsto para ir a votação no final deste mês ou início de agosto), é preciso que os partidos já pensem em como serão as candidaturas – uma vez que cinco sessões depois da saída do deputado afastado do cargo, poderá ser votado o nome do novo presidente.

‘Passando da hora’

“Tenho certeza que passou da hora de encontrar a solução para o problema. Isso está prejudicando o país. Não temos mais alternativa”, destacou Moura. Nos bastidores, o que se comenta é que Eduardo Cunha ainda insiste em trabalhar para evitar a sua cassação. Sua última investida foi no domingo (26), quando ele participou de um encontro secreto com o presidente interino da República, Michel Temer, no Palácio do Jaburu.

“Esse encontro mostra que não apenas Cunha é atuante nas manobras de bastidores como também que tem apoio por parte do grupo de Temer. Mesmo proibido de circular pela Câmara, Cunha continua promovendo encontros clandestinos, com o beneplácito de Temer, para se salvar”, reclamou o deputado Wadih Damous (PT-RJ),  ao falar sobre o assunto no Salão Verde.

Também o deputado Jorge Solla (PT-BA) afirmou que, mesmo afastado da Câmara, são fortes os contatos do presidente afastado com outros parlamentares e mesmo com os titulares do governo provisório, o que revela a importância de as discussões sobre a sucessão de Cunha serem adiantadas. E, também, de os parlamentares ficarem de olho em novas manobras a serem feitas pelos seus aliados.

Nas mãos do STF

Wadih Damous e Jorge Solla, assim como André Moura, defenderam que o plenário aprove o mais rápido possível a cassação do mandato de Eduardo Cunha para que a Câmara volte à normalidade. “Ou aprovamos a cassação ou entregamos o seu destino ao STF, porque das condenações nas quais ele (Cunha) é réu não tem escapatória”, afirmou Damous.

Ex-presidente da seccional fluminense da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Damous disse ainda que o melhor é a Câmara acelerar o mais rápido possível a cassação de Cunha, para evitar que a decisão venha a ser tomada pelo Judiciário. “Se entregarmos o destino de Eduardo Cunha ao STF poderemos ter efeitos deletérios futuros para a Câmara. Estaremos fortalecendo o Judiciário, em detrimento do Legislativo. O ideal é a Câmara cassá-lo, mas infelizmente na Casa tem uma maioria tomada por esse sentimento de acordos espúrios”, ressaltou.


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