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Em evento da UNE, Ciro, Cardozo e Valente defendem unidade pela democracia

Última mesa do segundo dia de reunião de conselho colocou o golpe no centro do debate e reforçou necessidade de forças progressistas superar divergências e buscar saídas para a crise

Rebeca Belchior / CUCA da UNE

Último debate do 64º Coneg-UNE, discutiu saídas para a crise e o golpe que afastou a presidenta eleita pelo voto popular

Portal UNE – Sob o tema “saídas para a crise”, o ex-ministro Ciro Gomes, o ex-advogado-geral da União José Eduardo Cardozo, o deputado federal Ivan Valente (PSol-SP), e Márcio Cabreira, representante do Partido Pátria Livre (PPL), compuseram, na tarde de ontem (16), a última mesa do segundo dia de debates do 64º Conselho Nacional de Entidades Gerais (Coneg), da União Nacional dos Estudantes (UNE).

Foi consenso entre debatedores e plateia, majoritariamente de estudantes, que a unidade deve pautar os próximos passos das forças progressistas, como forma de barrar o golpe e os retrocessos impostos pelo governo interino de Michel Temer.

“Estamos perdendo a batalha da chama da democracia não só para esse bando de picaretas golpistas, mas para os nossos erros. Precisamos aclarar essa confusão e seguir o rumo da unidade”, disse Ciro Gomes.

O ex-ministro defendeu ampliar o debate sobre a nação. “Não temos como afirmar nada sobre o futuro do país. Nós precisamos conversar sobre o Brasil mais profundamente. É preciso iluminar a confusão de maneira que a gente saia do gueto, de falar de nós para nós mesmos, e celebrar novamente consensos”, disse.

Para o virtual candidato à Presidência da República pelo PDT, é fundamental começar a discutir um novo modelo de desenvolvimento. “Eu advogo que (o motor do desenvolvimento) é o Estado Nacional, recuperado, saneado, restaurado na sua condição de financiador, o que quer dizer uma batalha política depois da outra. Isso tem a ver com política industrial de comércio exterior, tem a ver com uma política de relações internacionais completamente diferente dessa que está aí. O desenvolvimento que precisa ser criado no Brasil tem a ver com a superação da desigualdade e o investimento em gente, em que o gasto per capita em educação não decline”, declarou.

Golpe

José Eduardo Cardozo, advogado de defesa da presidenta Dilma, afirmou que no processo do impeachment em curso contra o seu mandato “há uma ilegalidade e uma ilicitude”. Para ele, “diante dessa situação, é uma desobediência à Constituição, uma ruptura constitucional e, portanto, um golpe”.

Para Cardozo, o governo ilegítimo de Michel Temer nasce com o rompimento democrático, “por meio de uma situação que é claramente golpista e, além disso, nasce dentro de um projeto conservador, negador daquilo que foi aprovado nas urnas nas eleições de 2014.”

“Só a Democracia pode gerar forças suficientes para pactuações, para caminhos que façam com que o Brasil venha a ter novos e melhores momentos”, disse Cardozo. Ele defendeu que, neste momento, é urgente e necessário a esquerda brasileira ter um projeto de unidade, deixando as diferenças de lado, em nome da retomada da democracia no país. “No futuro, teremos que respeitar as nossas divergências para potencializar de fato a unidade e construirmos algo em comum’’, disse.

Rebeca Belchior / CUCA da UNE
Cabrera, Ciro e Cardozo: unir forças de esquerda

Governo popular

O pré-candidato à vice-prefeito de São Paulo, Ivan Valente, destacou que a saída para a crise é atuar na base, aliado às massas. “É hora de a esquerda ser generosa e compreender a gravidade do momento. Talvez a gente tenha pensado que a democracia estava completamente consolidada no país, mas como confiar numa elite retrógrada, liderada pela bancada da bala? Não se pode governar sem pressão de baixo para cima. Precisamos parar de falar com o mercado e focar (sic) nos trabalhadores”, avaliou.

Por sua vez, Cabreira reforçou a necessidade de reformular as prioridades econômicas, sobretudo as que favorecem exclusivamente ao chamado mercado. “Temos que parar de dar dinheiro para as multinacionais. Não dá para fazer uma nação justa aliada a uma política de juros que favorece aos banqueiros. O Brasil pode e deve crescer nesse momento de crise, mas as alianças políticas precisam ser repactuadas com o rompimento da lógica do capital estrangeiro”, destacou.

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