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Carina Vitral: plebiscito é ‘caminho para derrotar impeachment’

UNE aprovou no fim de semana, oficialmente, a proposta de apoio à realização de novas eleições, que a presidente da entidade vinha defendendo pessoalmente há algumas semanas

Reprodução/Youtube

“Entendemos que o Congresso Nacional não pode eleger um presidente indiretamente”, diz presidenta da UNE

São Paulo – Embora a presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), Carina Vitral, venha defendendo pessoalmente, há semanas, a realização de um plebiscito sobre novas eleições presidenciais, a entidade aprovou somente ontem (17) o apoio oficial ao plebiscito, no 64º Conselho Nacional de Entidades Gerais (Coneg), realizado de sexta-feira (15) a domingo, em São Paulo.

O encontro reuniu cerca de 500 estudantes e contou com 20 debates sobre temas ligados a educação, saúde, juventude, democratização da comunicação, o golpe desfechado contra o mandato de Dilma Rousseff e debateu ainda o combate ao racismo, à “lgbtfobia” e à cultura do estupro.

“Tomamos a decisão de defender o plebiscito por novas eleições porque a UNE entende que o Congresso Nacional não pode eleger um presidente indiretamente, como significou esse impeachment da presidente Dilma”, diz Carina. “A eleição indireta elegeu Temer, um presidente sem voto, e um programa de governo que não foi eleito nas urnas. Um gesto de generosidade e o caminho para derrotar o impeachment é os movimentos sociais e a própria Dilma se comprometerem com o plebiscito para convocar novas eleições.”

Segundo ela, Dilma assumiu o compromisso de soltar, esta semana, uma carta aos senadores e ao povo brasileiro sobre o tema. “Ela tem construído essa possibilidade, de plebiscito e novas eleições, com um grupo de senadores”, afirma Carina.

A posição que vem sendo defendida por Carina Vitral há várias semanas é que a saída da crise passa por “devolver ao povo o direito de decidir sobre os rumos do país”. Ela tem dito que, além de o impeachment significar, na prática, uma eleição indireta, ele foi decidido “por um Congresso desmoralizado”.

Na opinião da ativista, a convocação de um plebiscito por Dilma poderia ajudar a provocar mudanças na votação do impeachment, prevista para o final de agosto. Para ela, o fato de outras lideranças progressistas divergirem da convocação do plebiscito e da realização de eleições “é natural”.

A posição é a mesma que tem sido defendida pelo coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto(MTST), Guilherme Boulos, para quem a unidade dos movimentos sociais permanece em torno do “Fora Temer”. “Em relação às saídas do que fazer, existem diferenças. É natural que existam diferenças, a esquerda preza a diversidade. Pensamento único e intolerante a gente deixa para a direita”, disse Boulos à RBA há duas semanas.

A plenária final do Coneg, no auditório da Unip, em São Paulo, definiu que o plebiscito sobre novas eleições é “um horizonte” para o país. A manifestação sobre a proposta está no documento de conjuntura aprovado pelos estudantes. “A UNE reconhece que a saída para a crise política é a consulta ao povo”, diz a entidade em seu site na internet.

Além da definição relativa ao plebiscito, as lideranças reunidas em São Paulo convocaram uma jornada nacional de lutas durante a semana do Dia dos Estudantes, comemorado em 11 de agosto. Ficou definido que o movimento estudantil vai ocupar as ruas do país com três bandeiras principais: “Fora Temer”, “Fora Mendonça” (em referência ao ministro interino da Educação, Mendonça Filho, do DEM) e contra a Lei da Mordaça.

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