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Em ato contra Temer, CUT ressalta unidade da esquerda e MTST acusa ‘duplo golpe’

Para central, movimentos sociais precisam impedir o impeachment e o golpe. Líder dos sem-teto diz que o país tem presidente que não foi eleito por ninguém e um Parlamento deslegitimado

paulo pinto/agpt/fotos públias

São Paulo – Para o presidente nacional da CUT, Vagner Freitas, que participou de ato na Avenida Paulista, em São Paulo, contra o governo interino, o mais importante neste momento é a unidade entre os movimentos de esquerda para resistir ao processo de impeachment. “O mais importante para aos movimentos sociais é impedir o impeachment e o golpe. Sobre esse tema (plebiscito) não temos posição conjunta”, afirmou.

Freitas também disse que no dia 21 de junho, terça-feira, a presidenta Dilma Rousseff estará na Praça da Sé, em encontro com mulheres.

“O mais importante que construímos nessa crise toda foi a essa linda unidade da esquerda brasileira para barrar o impeachment e retomar a democracia”, acrescentou o dirigente. “Queremos fazer essa e outras manifestações para que o golpe não seja dado no Brasil, porque ele é contra o interesse dos trabalhadores. Posto isso, vamos discutir alternativas dentro do campo do enfrentamento popular. Discutiremos todos os temas.”

Para o coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, está em curso um “duplo golpe” no Brasil. “Existe um presidente que não foi eleito por ninguém, a não ser de forma indireta por um Parlamento deslegitimado na sociedade, mas também há um golpe contra os direitos sociais. Estão querendo aplicar um programa que não foi eleito por ninguém e que não seria. Um programa de retrocessos em direitos e programas sociais historicamente conquistamos pelo povo trabalhador”, afirmou.

“Nós vamos resistir vamos barrar nas ruas”, acrescentou Boulos. “Esse movimento não começa nem termina aqui. As mobilizações vão se se intensificar cada vez que esse governo atacar direitos dos trabalhadores.”

A presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), Carina Vitral, reforçou: “Esta manifestação tem como principal mote o ‘Fora Temer’ porque não entendemos que seja um governo legítimo. Não reconhecemos esse governo principalmente porque é um ataque aos movimentos sociais, aos direitos sociais e tem criminalizado e reprimido os movimentos sociais de forma inimaginável”. “Vamos resistir nas ruas”, acrescentou.

Em relação à Previdência Social, alvo de reforma, o presidente da CUT reafirmou que não aceitará nenhum tipo de flexibilização, o que inclui também os direitos trabalhistas. “Por exemplo, não aceitamos idade mínima, não aceitamos igualar homens e mulheres, não aceitamos a ideia de acabar com o Ministério da Previdência e colocar na Fazenda como se fosse apenas ativo econômico”, disse Vagner Freitas. “Seguridade e previdência são patrimônios do Brasil. Isso não há nenhuma condição de negociar conosco.”

Segundo ele, os movimentos sociais estão visitando periodicamente cada senador. “Os que votarem em qualquer proposta que retire direitos dos trabalhadores será denunciado como golpista, e nós vamos discutir para que classe trabalhadora não vote nele em eleição nenhuma”, afirmou.

O representante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) Gilmar Mauro disse que “estamos vendo uma demonstração de que o povo não aceita nenhum tipo de golpe. A luta pela democracia é uma luta desta geração e de quem não aceita retrocesso. Temer não terá sossego. Não admitimos que acabem com os direitos do povo brasileiro”.  Mauro convocou a adesão de todos na luta pela democracia e criticou a imprensa: “Vamos banir deste país essa imprensa que não serve para nada e foi comandante deste golpe”.

O secretário-geral da Intersindical, Edson Carneiro Índio, afirmou que a mobilização neste Dia Nacional de Luta é para derrubar um governo ilegítimo, que pretende impor a pauta do sistema financeiro. “Hoje trabalhadores como os químicos cruzaram os braços para discutir a agenda do golpe. Nós não aceitamos retirada de direitos da aposentadoria. Querem privatizar a Petrobras, mas o pré-sal é do Brasil. Querem fundir o Banco do Brasil e a Caixa para acabar com o sistema público de bancos. Mas os trabalhadores dizem que não aceitam a agenda do golpe”, disse.

A presidenta da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), Camila Lanes, disse que os estudantes não legitimam o governo interino. “Os secundaristas estarão em mobilização permanente e também quero deixar público o repúdio da à violência da PM contra os estudantes. Ocupamos as escolas, a Assembleia Legislativa e hoje estamos nas ruas para dizer ‘Fora Temer'”, afirmou.

Com reportagem de Helder Lima