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Gleisi Hoffmann: ‘Estamos recorrendo sobre o rito que quem estabeleceu foi o STF’

Segundo senadora, crescimento das manifestações e a ascensão de Dilma nas pesquisas estão motivando tanto a pressa dos senadores golpistas quanto as novas investidas da mídia

Waldemir Barreto/Agência Senado

Gleisi: ‘Dilma tem crescido, então, começa de novo uma série de matérias para desconstruir sua imagem’

São Paulo – “Espero que pelo menos a questão do rito seja restabelecida. Estamos recorrendo sobre o rito de um processo que quem estabeleceu foi o STF, entendendo que deveria ser igual ao do Collor. A gente espera que pelo menos isso ele reestabeleça, porque foi o STF que definiu”, diz a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), sobre os recursos que começaram a ser apresentados hoje (3) ao presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, pelo advogado José Eduardo Cardozo contra o atropelo na tramitação do processo na comissão de impeachment do Senado. Lewandowski preside o processo.

Gleisi diz que os aliados de Dilma foram surpreendidos, na comissão do impeachment, com o atropelo para encerrar o processo. “Não havia essa característica de atropelo na primeira fase. Temos um calendário de até 180 dias, mas querem diminuir para 45 dias. Ontem (2) reduziram procedimentos e partes do processo. Querem decidir até 15 de julho.”

Cardozo afirmou que os recursos pedem que os requerimentos apresentados pela comissão sejam apreciados um a um, e não em bloco; que o relator na comissão, Antônio Anastasia (PSDB-MG), seja suspenso, por ser do PSDB, que tem ligações com os autores do pedido de impeachment; que a comissão aceite a inclusão dos áudios envolvendo o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, e senadores, como Romero Jucá (PMDB-RR); e que a antecipação do processo seja cancelada, respeitando o devido processo legal.

Segundo Gleisi, o crescimento das manifestações contra o golpe e a ascensão de Dilma nas pesquisas estão motivando tanto a pressa dos senadores golpistas quanto as novas investidas da mídia contra Dilma, como a matéria divulgada pelo jornal O Globo, acusando a presidenta afastada de ter usado dinheiro da Petrobras para pagar contas pessoais.

“É mais do mesmo. Sempre que eles veem que tem uma reação, começa esse tipo de matéria de jornal, de perseguição. É absurda. Tivemos manifestações pela presidenta que foram muito relevantes, em Minas, no Rio de Janeiro, na UnB, em Brasília, em Porto Alegre. Como eles estão sentindo que está havendo uma recuperação, e pesquisas têm mostrado que Dilma tem crescido, começa de novo uma série de matérias para desconstruir sua imagem”, diz a senadora. “Eles querem fazer rápido para não perder o espaço que têm no Senado, e porque querem resolver antes da Olimpíada.”

Ela diz esperar que Lewandowski acolha pelo menos parte dos recursos, “para voltarmos à normalidade do processo e restabelecer o calendário definido pelo STF”. “Não digo na comissão, que foi escolhida para aprovar o processo, mas no Senado há uma disposição dos senadores de mudar o posicionamento sobre o impeachment. Estamos trabalhando na articulação com os senadores, na denúncia do que está acontecendo e nos recursos. A mobilização de rua vai ajudar, porque vem crescendo.”

O desrespeito às normas preocupou até mesmo o presidente do Senado Federal, Renan Calheiros (PMDB-AL). Ele divulgou uma nota oficial hoje (3), na qual diz: “Apesar de não conduzir o processo e não integrar a comissão processante, como presidente do Congresso Nacional vejo com preocupação as iniciativas para comprimir prazos. Mais ainda se a pretensão possa sugerir supressão de direitos da defesa, que são sagrados”.

 

 

 


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