teto de vidro

Feliciano: mau pagador de impostos e alvo de processo no STF

Viomundo mostra que autor do requerimento da CPI da UNE acumula ações judiciais por atraso de impostos e FGTS, mantém empresa em endereço falso e contratou funcionários de igreja com dinheiro público

Antonio Augusto/Câmara dos Deputados

Marco Feliciano é autor do projeto que deu origem à CPI da União Nacional dos Estudantes

Viomundo – O deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP) foi autor do projeto que deu origem à CPI da União Nacional dos Estudantes, a UNE. O requerimento foi aprovado no apagar das luzes do mandato de Eduardo Cunha como presidente da Câmara.

Feliciano pretende saber mais sobre as finanças da UNE. Ele quer investigar os R$ 44,6 milhões recebidos pela entidade a título de indenização por danos que sofreu durante a ditadura militar, bem como detalhes da associação da UNE com a empresa de negócios imobiliários CBRE, que ergueu prédio de 12 andares no terreno da UNE na praia do Flamengo e aluga salas do empreendimento.

A UNE acredita que a CPI é apenas o primeiro movimento do governo Temer para perseguir os movimentos sociais, retomando algo que o Brasil assistiu com frequência ao longo dos 21 anos da ditadura militar.

O curioso é que a iniciativa tenha partido logo de Feliciano, que tem um imenso telhado de vidro quando se trata de finanças.

O deputado do Partido Social Cristão já foi alvo de sete ações judiciais para pagamento de impostos e recolhimento do FGTS em duas das empresas que mantém em Orlândia, interior paulista, sua base eleitoral.

Um levantamento do Viomundo naquela comarca revelou:

Processo: 0001564-78.2014.8.26.0404 — Execução Fiscal (2014)

Resumo: Justiça mandou cobrar pagamento de R$ 6.969,65 de impostos devidos por uma das empresas de Feliciano, a Kakeka Comércio Varejista de Brinquedos, na qual ele é sócio da mulher Edileusa de Castro Silva Feliciano. Situação: Extinto. O deputado parcelou e pagou a dívida.

Processo: 0001563-93.2014.8.26.0404 — Execução Fiscal / ICMS (2014)

Resumo: Justiça mandou cobrar pagamento de R$ 18.172.50 de ICMS devido por uma das empresas de Feliciano, a Kakeka Comércio Varejista de Brinquedos. Situação: Em andamento. Parcelou a dívida.

Processo: 0001283-25.2014.8.26.0404 — Execução Fiscal / FGTS (2014)

Resumo: Justiça mandou cobrar pagamento de R$ 24.134,69 de FGTS devido por uma das empresas de Feliciano, a Kakeka Comércio Varejista de Brinquedos. Situação: Em andamento. Em 2015, a Justiça bloqueou o valor na conta de Feliciano para garantir que ele pague a dívida.

Processo: 0001708-86.2013.8.26.0404 — Execução Fiscal / Dívida Ativa (2013)

Resumo: Justiça mandou cobrar pagamento de R$ 35.167,50 de impostos federais por uma das empresas de Feliciano, a Kakeka Comércio Varejista de Brinquedos. Situação: Em andamento. Em abril de 2016, o processo foi suspenso porque o deputado parcelou a dívida.

Processo: 0002360-74.2011.8.26.0404 — Execução Fiscal / Multas e demais Sanções (2011)

Resumo: Justiça mandou cobrar pagamento de R$ 26.654,52 de multa por não pagar impostos federais por uma das empresas de Feliciano, a Kakeka Comércio Varejista de Brinquedos. Situação: Arquivado provisoriamente sem pagamento. A União mandou arquivar quando uma portaria da Fazenda autorizou a suspensão de execução de dívidas fiscais de valores considerados baixos.

Processo: 0002358-07.2011.8.26.0404 — Execução Fiscal / Dívida Ativa (2011)

Resumo: Justiça mandou cobrar pagamento de R$ 28.580,26 de impostos federais por uma das empresas de Feliciano, a Marco Antônio Feliciano Empreendimentos Culturais. Situação: Em andamento. Em 30 de junho de 2015, um oficial de justiça citou o deputado, que não pagou a dívida. O mesmo oficial disse que não localizou bens livres de Feliciano que pudessem ser penhorados.

Este último detalhe chama a atenção. O pastor Marco Feliciano sempre propagou sua origem humilde. Talvez uma forma de incentivar fiéis a doar à Assembleia de Deus Catedral do Avivamento, que criou em Orlândia e transformou num mini império neopentecostal.

Porém, segundo dados oficiais informados ao TSE, o pastor teve uma evolução patrimonial de 111,3% entre 2010 e 2014.

Seus bens saltaram de R$ 634.800,00 para R$ 1.341.464,92 em quatro anos.

Como é que um milionário não tem dinheiro para pagar em dia seus impostos, as dívidas relativamente irrisórias de suas empresas ou bens para cobrir os valores em casos como o da pretendida penhora?

Leia também no Viomundo: a gravadora de Feliciano que usa endereço fantasma, o uso irregular de verbas parlamentares e o processo contra o pastor no STF

*Com colaboração do jornalista Garganta Profunda