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Temer recebe empresários. Agora, Skaf quer ajudar governo a sair da crise

Liderados pelo presidente da Fiesp, empresários se posicionaram contra aumento de Impostos. Interino prometeu 'ordem e progresso'

lula marques/agência pt/fotos públicas

‘Que a partir de hoje a crise política fique de um lado, e a economia siga de outro’, disse Skaf a Temer

São Paulo – O presidente interino, Michel Temer, recebeu hoje (8) representantes do PIB paulista, liderados pelo presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, em cerimônia no Palácio do Planalto, prometendo “harmonia institucional” e obediência à “ordem jurídica” como receita para a saída da crise política e econômica. Recebido sob aplausos que “vêm do coração”, segundo ele, Temer disse que se não houver obediência à ordem jurídica, não há o que fazer. “Por isso, o nosso lema é ordem e progresso. Se não tem ordem, não tem progresso”, afirmou para cerca de  200 empresários e representantes de entidades patronais.

O interino disse também que “ideologia, hoje, está fora de moda” e que as pessoas estão interessadas em resultados. “Se vierem, todos aplaudem.” Alegando ter tido pouco tempo para a formação do governo, Temer colocou todas as fichas na auto-elogiada equipe econômica, que, segundo ele, conseguirá resgatar o país da crise de confiança.

“Não ajo como se estivesse num governo transitório”, afirmou Temer, que, como sinal da propalada harmonia institucional conquistada por seu gabinete, destacou a aprovação pelo Congresso de medidas como a Desvinculação da Receitas da União (DRU), que permite a flexibilidade de gastos ao Executivo, e o a revisão do Orçamento de 2016, com a previsão de déficit de R$ 170 bilhões.

Líder da caravana de empresários, e um dos maiores entusiastas do processo que culminou com o afastamento temporário da presidenta Dilma Rousseff, Skaf destacou a “boa vibração” sentida no encontro e manifestou apoio ao governo interino. “Viemos aqui não para protestar. Não está faltando protesto. Viemos anunciar a disposição de trabalhar pela retomada do crescimento”, afirmou.

Apesar do apoio, Skaf apelou para a dissociação entre as crises política e econômica. “Que a partir de hoje a crise política fique de um lado e a economia siga de outro.” Ele pressionou também o governo interino para que não considere a elevação da carga tributária e ameaçou com eventual recusa dos empresários em arcar com suas obrigações fiscais. “Não adianta se pensar em aumentar impostos. É necessário que os impostos não sejam aumentados. Aumentar impostos, no momento em que a economia está enfraquecida, as empresas feridas, resultará em aumento da inadimplência”, disse o presidente da Fiesp.

“No momento em que a confiança for retomada, vamos acelerar ao máximo os investimentos”, prometeu. Como outras medidas para a retomada da confiança e promoção do crescimento, Skaf elencou a necessidade de redução das taxa de juros, o prosseguimento de programa de privatizações e concessões na área de infraestrutura, e o aumento do crédito para as empresas, em especial para o setor exportador. Segundo ele, essas são medidas que imediatas, não dependem de discussões com o Congresso, mas de “decisões”.

Afirmando “novo discurso, novo tom e nova direção”, o ministro da Fazenda do governo interino, Henrique Meirelles, prometeu não só reverter a crise, como trilhar novo caminho de desenvolvimento sustentável. Para tanto, Meirelles afirmou ser fundamental o restabelecimento da “saúde das finanças públicas”, que, segundo ele, será conquistado com a proposta de crescimento real zero das despesas, conforme anunciado na peça do Orçamento.

Sem crescimento das despesas governamentais, a necessidade de financiamento do Estado diminui, fazendo sobrar recursos para as empresas. “Isso já gera confiabilidade no Estado, na gerência das contas públicas. Haverá cada vez mais recursos disponíveis para as empresas e para as pessoas, para o setor privado.”

Ele também defendeu “a boa administração das empresas públicas” e disse que o mercado já começa a sentir os resultados das medidas tomadas. “Não tenho dúvida de que chegaremos, nos próximos trimestres, a retomar o crescimento do Brasil de uma forma e ritmo que pode surpreender”, ressaltou Meirelles.

Já o secretário-executivo do Programa de Parcerias e Investimentos (PPI), Moreira Franco, acusou o golpe e afirmou que licitações e leilões de concessões vêm sendo adiados “porque não há confiança do investidor em colocar o seu dinheiro em regras e contratos cujas lideranças podem não estar aqui amanhã.” Sem referir-se diretamente ao processo do impeachment, ele afirmou que a insegurança institucional “está no DNA de todo esse processo”. Também estavam presentes os ministros da Casa Civil, Eliseu Padilha, e da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, o pastor Marcos Pereira.


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