Velhos tempos

Em posse na Petrobras, Pedro Parente sai em defesa de projeto de Serra e do capital

Novo presidente da companhia faz defesa de PL que começa a desmontar o regime de partilha e diz que estatal e o Brasil “não podem se dar o luxo de esperar tempo demais”

Shana Reis/GERJ/fotos públicas

Segundo a FUP, Parente levou a estatal a prejuízos de mais de US$ 1 bilhão entre 2000 e 2003

São Paulo – O presidente da Petrobras, Pedro Parente, afirmou hoje (2)  que a empresa apoia a revisão da Lei de Partilha, com a substituição da obrigatoriedade de participação em pelo menos 30% dos investimentos na exploração do pré-sal, o chamado direito de preferência. O ex-ministro de Fernando Henrique Cardoso disse que a exigência “retira a liberdade de escolha da empresa de somente participar na exploração e produção dos campos que atendam seu melhor interesse”.

“Mantida essa obrigação, a empresa pode se ver forçada a participar de empreendimentos que, segundo a sua própria avaliação, não seriam prioritários naquele momento ou mesmo que não teriam viabilidade econômica, o que será imperdoável em uma empresa listada em Bolsa e com milhares de acionistas”, acrescentou Parente. Ele deu as declarações ao tomar posse do cargo de presidente da estatal.

Na terça-feira, o coordenador da Federação Única dos Petroleiros (FUP), José Maria Rangel, disse à reportagem esperar tentativas ou mesmo medidas bem-sucedidas do governo que possam causar “estragos” na Petrobras. Rangel afirmou também que o fato de o governo ser provisório não o impediria de vender, “a toque de caixa”, por exemplo, partes da BR Distribuidora e da Transpetro ou campos de produção chamados campos maduros, terrestres ou marítimos.

As declarações de Parente são um apoio explícito ao PL 4.567,  que deriva de projeto de José Serra, aprovado no Senado, que começa a desmontar o regime de partilha. Em sua posse, o novo presidente da Petrobras disse que o Brasil e a Petrobras “não podem se dar o luxo de esperar tempo demais” e, por isso, não deve se prender a dogmas.

Segundo ele, como a Petrobras tem seus preços definidos pelo mercado, “a empresa tem de estar sempre livre de qualquer tipo de pressão política e protegida de qualquer agenda partidária e eleitoral”.

Sobre a Operação Lava Jato, o novo presidente declarou que a empresa continuará a contribuir de “maneira irrestrita e incansável”. “Como vítimas, somos os maiores interessados na total elucidação de todos os crimes e na sua reparação.”

Mas a FUP afirmou no dia 20, quando da indicação de Parente, que sua posse na presidência da companhia era “inadmissível”. Entre outros motivos, por ele ter sido responsável por uma política que provocou prejuízos de mais de US$ 1 bilhão à estatal, ao obrigar a Petrobras a assinar contratos de parceria com o setor privado para construção de usinas termoelétricas, entre 2000 e 2003.

Além disso, a FUP lembra que, há dois meses, o Supremo Tribunal Federal reabriu ações por improbidade administrativa contra três ministros de FHC, entre os quais Pedro Parente.

As ações questionam a ajuda financeira ao Banco Econômico S.A., em dezembro de 1994, avaliada em R$ 2,9 bilhões, pelo Banco Central, em decorrência do Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional (Proer).

Com informações da Agência Brasil