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Dilma defende presidencialismo e ataca governo Temer: ‘Pequeno e mesquinho’

Em encontro no Palácio da Alvorada com historiadores, presidenta afirmou que plano Temer 'precisou de ruptura democrática', pois não seria eleito em votações diretas

Roberto Stuckert Filho/PR

Dilma: ‘Propostas de parlamentarismo sempre foram coroações de períodos golpistas’

São Paulo – “Governo interino é pequeno e mesquinho. O que explica nosso momento é que precisam de uma ruptura democrática para viabilizar outras que não passam pelo processo eleitoral”, afirmou a presidenta Dilma Rousseff sobre características neoliberais, “entreguistas” e que atacam direitos da população, que estão sendo colocadas em prática pelo presidente interino, Michel Temer (PMDB).

A presidenta participou hoje (7) de encontro, no Palácio da Alvorada, com historiadores em defesa da democracia. “Estão testando sistematicamente as características de um regime democrático. Tentam proibir meu direito de defesa nas instâncias da Câmara e do Senado. Tentam transformar o Palácio da Alvorada em uma ‘prisão dourada’ colocando uma barreira. Criam obstáculos para o meu direito de ir e vir. Ainda apresentam toda sorte de armadilhas. Me obrigam a responder se foi golpe ou não”, afirmou.

Para Dilma, a característica do presidencialismo do pleito direto para o Executivo é positiva. “A eleição presidencial leva a algumas transformações. Geralmente, na América Latina, os parlamentos são mais conservadores em razão de filtros econômicos, característicos das eleições proporcionais. Também o filtro do jogo de interesses das oligarquias”, argumentou. Em um parlamentarismo, o cargo de chefe de Governo é ocupado pelo líder de bancada do partido com maioria nas Casas legislativas.

“No caso da eleição do Executivo, é como se alguns nós fossem afrouxados pelo fato de que há um contato direto entre candidatos e o povo”, disse. Para a presidenta, os historiadores devem ficar atentos ao presente para passar para a sociedade um panorama do futuro. “É muito importante debater a história enquanto ela está em curso. Apesar dos pontos negativos, acredito que algumas coisas podem ser positivas. Especialmente que as pessoas estão participando. Mulheres, jovens… Vejo um despertar para a questão do risco que vivemos”, acrescentou.

Dilma reafirmou sua defesa do modelo presidencialista. “Tenho clareza que no Brasil é imprescindível que se mantenha o presidencialismo. Acredito que, desde a República Velha (1889-1930), a questão das oligarquias regionais sempre foram extremamente conservadoras e antipopulares”, afirmou, acrescentando: “As propostas de parlamentarismo sempre foram no país o que são. Coroações de períodos golpistas”, acrescentou.

Outro ponto positivo apontado pela presidenta é a onda de rupturas das oligarquias tradicionais nordestinas. “Cada vez temos mais governadores progressistas que fogem do parâmetro regional conservador. É interessante que isso ocorreu no Nordeste”, disse. Um dos principais exemplos foi a queda dos governos tradicionais no Maranhão. No pleito de 2014, Flávio Dino (PCdoB) rompeu com a hegemonia de famílias como Lobão e Sarney.

Dilma novamente defendeu que o processo de impeachment em curso não tem bases legais. “Fui questionada se o governo provisório poderia remontar todas as estruturas. Decidem sobre tudo, sobre o pré-sal, e isso é ditar o futuro. Argumentam que impeachment não é golpe porque está na Constituição. Mas não dizem o resto, que tem que haver crime de responsabilidade. Não dizem que no presidencialismo não se pode tirar o chefe de Estado e de Governo por impopularidade. Até porque existe um contraponto no parlamentarismo: o chefe de Governo pode destituir o Parlamento e vice-versa”, afirmou.

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