governo interino

Lupi sobre queda do ministro do Turismo: ‘O próximo delator é o Cunha’

Presidente nacional do PDT participava de seminário em São Paulo quando chegou a notícia da demissão de Henrique Eduardo Alves. Para Lupi, se Cunha falar 'vai pôr o rabecão na porta do PMDB'

Wilson Dias / Abr

Para Lupi, a palavra ‘golpe’ despertou a juventude: “A nova geração está assumindo as bandeiras da esquerda”

São Paulo – O presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, falava sobre o processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff na tarde desta quinta-feira (16) em São Paulo, ao participar de seminário da Fundação Perseu Abramo, quando chegou a notícia de que o ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, pedira demissão, depois de citado por delação do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado. Ex-ministro do Trabalho de Lula e Dilma, Lupi não se conteve: “E vai cair mais. E o Eduardo Cunha será o próximo delator, em nome de levar a mulher e a filha ele não morre sozinho, é que nem um chefe de máfia, não vai ficar pedra sobre pedra. Ele vai pôr o rabecão na porta do PMDB”.

O tema em questão no debate era a resposta que as esquerdas podem dar para o golpe em curso. Lupi defendeu que “um fato novo” no cenário político do país é a ação política da juventude, que despertou com as ocupações de escolas pelos secundaristas e a classe artística nas sedes da Funarte. “Está acordando uma juventude, falando de democracia, que ela está em risco e nessas lutas isso tomou conta da garotada”, afirmou. Para Lupi, a palavra ‘golpe’ despertou o ânimo da juventude e a mobilização é um fato positivo: “A nova geração está assumindo as bandeiras da esquerda”.

O presidente do PDT defendeu a volta de Dilma, e chegou a brincar com o governo interino de Michel Temer, ainda sem saber do terceiro ministro que caia: “A senhora vai voltar porque eles fazem merda mais do que a gente. Eles são especialistas em ladroagem”. Lupi também disse que as novas frentes de comunicação digital, e citou o WhatsApp, abrem um poder de fogo contra a mídia tradicional. “Temos de aprofundar o fenômeno (da politização) da juventude para não decepcioná-los”, afirmou. “Temos de fazer a autocrítica, mas também temos de falar mal deles (do governo interino).”

Preocupado em buscar unidade no campo progressista, Lupi defendeu que a volta de Dilma seja seguida de uma Assembleia Constituinte exclusiva para a reforma política, “com 120 deputados, sem salários e o prazo de um ano para reformular a base política do país, mudar para valer”. “Não dá para a Dilma voltar e achar que tudo bem, porque a parada não está resolvida. Ao voltar, tem de ouvir o que o povo quer. E não adianta só eleição para presidente, porque o Congresso é sócio majoritário da Lava Jato, se é verdade, tem mais de 150 parlamentares envolvidos.”

Lupi disse que os valores gastos com marketing são um escárnio e que o sistema político no país virou uma fábrica de candidatos. Ele defendeu uma mudança radical, com debates ao vivo, sem grandes produções e financiamento público de campanha exclusivo. Ele também defendeu o projeto de regulação da mídia. “A sociedade quer uma democracia mais direta. Nós nos acomodamos, mas representamos a esperança. Temos de aprofundar uma discussão, para que a população nos controle, que tenha transparência o tempo todo”, afirmou.

O ex-ministro acredita que o campo progressista agora tem de se concentrar em derrubar o impeachment. “Ganhar uma etapa agora é impedir que o golpe aconteça. E eles (o governo interino) estão ajudando muito. Eles caem porque são podres demais. Se nós não tivemos uma resposta à altura, mostrar o que queremos, que pacto vamos fazer com a sociedade”, disse.

Lupi também criticou a prevalência dos interesses do sistema financeiro. “Não dá para pagar a dívida com enquanto continua esse sistema financeiro. Ninguém quer discutir juros, quem ganha dinheiro com isso. O Brasil não toca no sistema financeiro, estamos brincando, aí é que está o câncer. Temos de escolher um lado.”

Leia também

Últimas notícias