caso Jucá

Damous: ‘Áudio mostra país tomado de assalto por quadrilha’

Para deputado, 'se a maioria do Senado tiver um mínimo de dignidade, vota logo o mérito desse processo e devolve a cadeira que é de direito da presidenta Dilma'

Lucio Bernardo Jr./Câmara dos Deputados

Damous: ‘Se maioria do Senado tiver dignidade, devolve a cadeira que é de direito da presidenta Dilma’

São Paulo – Na opinião do deputado federal Wadih Damous (PT-RJ), o teor do áudio do ministro do Planejamento, Romero Jucá, é mais grave do que o revelado em novembro de 2015, do ex-senador Delcídio do Amaral. “Esse governo, na verdade, não é um governo, é uma quadrilha. O país foi tomado de assalto por uma quadrilha. Esses áudios só mostram isso. Foi dado um golpe e vieram para institucionalizar a corrupção. É um bando de salteadores que se apresentou ao pais como aqueles que queriam salvar o país da corrupção, mas na verdade estão mergulhando o país mais fundo no poço da corrupção”, diz.

Segundo ele, Delcídio do Amaral, “na sua bravata”, dizia que queria subornar uma testemunha, já o Jucá diz que queria parar a Lava Jato toda, pelo menos em relação aos investigados do PMDB. “O que chama a atenção também é que, ao que parece, esse áudio já estava à disposição do procurador-geral da República, e eu fico imaginando se fosse alguma liderança do PT protagonizando isso, já teria vazado há muito tempo”, afirma Damous, com uma ressalva: “Não que eu passe a defender vazamentos. Eu sou contra vazamentos. O que ocorre é que há uma seletividade nos vazamentos”.

Para Damous, diante da revelação do áudio pela Folha de S.Paulo, cabe ao Senado reavaliar o processo do impeachment, no mérito. “Se a maioria do Senado tiver um mínimo de dignidade, vota logo o mérito desse processo e devolve a cadeira que é de direito da presidenta Dilma, que foi eleita por 54 milhões de votos”, diz o deputado, que é suplente e retomou o mandato após licença médica de Benedita da Silva (PT-RJ).

Segundo o deputado federal Ivan Valente (Psol-SP), seu partido ingressará com ação na PGR nesta segunda-feira (23), pedindo a prisão de Jucá.

Em vídeo postado no Facebook, o ministro da Secretaria de Governo de Dilma Rousseff, Ricardo Berzoini, afirmou que a revelação dos diálogos demonstra a verdadeira razão do golpe contra o mandato de Dilma Rousseff: “Jogar as investigações para debaixo do tapete”.

Segundo Berzoini, o diálogo não deixa dúvidas, ao mostrar um pretendente a ser ministro do golpe conversando com uma pessoa investigada. “E eles tentando tramar para encontrar no impeachment a forma de refrear as investigações e apuração dos crimes praticados. É um escândalo, uma vergonha, um produto do governo golpista de Eduardo Cunha, Michel Temer e Romero Jucá.”

Berzoini pede que o caso seja investigado “com profundidade” e defende apuração da “relação de Michel Temer com esse diálogo”.

Em entrevista ao Valor Econômico, o senador Telmário Mota (PDT-RR), relator do processo de cassação de Delcídio do Amaral, disse que vai entrar amanhã (24) no Senado com um processo de cassação de Romero Jucá. Como Wadih Damous, Mota afirmou que a fala de Jucá é, “sem dúvida”, mais grave que a de Delcídio. “Delcídio queria proteger um possível delator. Romero quer parar a Operação Lava-Jato.”

O Judiciário não pode, na avaliação do pedetista, fazer pacto com senador envolvido em corrupção. “Romero foi o grande articulador do impeachment, assumiu o PMDB para dar (ao processo) a celeridade que teve. Ele acha que a Justiça pode fazer pacto para proteger a ele e outros envolvidos até o pescoço em corrupção? Tem que acabar isso”, diz Telmário.

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