Julgamento de mérito

‘Tenho convicção de que mobilização pode reverter votos contra impeachment’

Segundo o deputado Vicentinho, alguns senadores admitem que estão refletindo sobre seu posicionamento: “Mas pediram para não divulgar, porque não querem ser pressionados'

Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

Para Vicentinho, alguns senadores que votaram “sim” não deixaram claro seu voto final no julgamento

São Paulo – Só a intensificação do movimento popular e pressão junto aos senadores, diante dos escândalos de conversas vazadas do já ex-ministro do Planejamento e senador Romero Jucá (PMDB-RR), do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e de José Sarney, poderia reverter o impeachment da presidenta Dilma Rousseff. “Considerando essas revelações, a reversão do processo depende dos movimentos sociais. Mas não é possível prever”, diz o diretor do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) Antônio Augusto de Queiroz, o Toninho. “Mas se as revelações tivessem sido feitas antes das votações, se a população tivesse entendido que o objetivo era abafar a Lava Jato, o resultado poderia ter sido outro.”

Como o julgamento de Dilma no Senado agora avalia o mérito da acusação de crime de responsabilidade, a avaliação do deputado federal Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho (PT-SP), é de que as mobilizações do movimento social podem ser decisivas. “Tenho convicção de que os movimentos podem reverter votos. Neste momento em que o golpe está sendo golpeado, com essas denúncias todas, e no nível internacional está consolidada uma posição contra o golpe, ainda há esperança no Senado”, diz.

O deputado diz que ouviu, de alguns senadores, a confissão de que estão refletindo sobre seu posicionamento. “Mas pediram para não divulgar, porque não querem ser pressionados.” Para Vicentinho, a manifestação de alguns senadores ao votar pela instauração do processo, nos dias 11 e 12, sem deixar claro que votariam pela cassação da presidenta Dilma no julgamento final, indica que o jogo não está perdido.

O senador Edison Lobão (PMDB-MA), por exemplo, se manifestou de maneira enigmática. “Eu venho a esta tribuna sem nenhum prazer. Eu não vim aqui pra tripudiar sobre uma gladiadora ferida. O voto não é pelo impeachment da presidente Dilma, mas pelo processo de admissibilidade”, declarou. No caso de Lobão, a má notícia para Dilma é que ele é aliado histórico do clã dos Sarney, que anda bastante irritado com a petista.

O Senado aprovou a admissibilidade do impeachment por 55 votos a 22. Para Dilma ser definitivamente afastada, são necessários 54 votos (dois terços da Casa).

Em nova conversa gravada vazada e divulgada pela Folha de S. Paulo hoje (25), o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse ser inviável a permanência da presidente Dilma. “Todos estão putos com ela”, afirmou, em referência aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Renan também defendeu mudanças nas leis das delações premiadas para impedir que presos se tornem delatores, o que é um dos pilares da Operação Lava Jato.


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