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Liderança do governo é disputada por Rodrigo Maia e aliado de Cunha

Segundo parlamentares, presidente interino disse que seu governo “tem somente dois dias úteis”, tentou acalmar disputas internas para escolha das lideranças de governo e pediu agilidade nas votações

Gustavo Lima/Câmara dos Deputados

Mesmo fora, Eduardo Cunha estaria pressionando para influenciar nas escolhas de lideranças

Brasília – Não resultou em definições a reunião do presidente interino, Michel Temer, com os líderes partidários da Câmara dos Deputados e do Senado para discutir a situação das lideranças das duas Casas, principalmente da Câmara. A reunião foi convocada por Temer no início da tarde de ontem (17), depois que começaram a ficar mais acirradas as dúvidas e confusões na disputa por esses cargos.

Segundo deputados que participaram do encontro, a conversa foi uma forma de o presidente reforçar a necessidade de ter bancadas dispostas a fazer conciliações. E também, mais sutilmente, de pedir para não serem evidenciadas disputas como as observadas  na Câmara hoje (17), entre os deputados Rodrigo Maia (DEM-RJ) e André Moura (PSC-CE), que disputam a liderança do governo.

Nos bastidores, comenta-se que Eduardo Cunha estaria pressionando Temer para a escolha de seu aliado André Moura para a liderança do governo. Maia ficaria então com o posto de líder do governo no Congresso. A informação não foi confirmada até o fechamento desta matéria. Na reunião, Temer teria enfatizado a necessidade de apoio do Congresso nas votações de matérias importantes para o seu governo.

Em relação à Câmara, o presidente pediu que as quatro medidas provisórias que atualmente trancam a pauta no plenário sejam votadas ainda esta semana. E afirmou para os parlamentares que o seu governo “tem praticamente dois dias úteis de existência (sexta-feira e ontem)”.

De acordo com o secretário de Governo, ministro Geddel Vieira Lima, que participou do encontro, o presidente em exercício conversou com líderes de 13 legendas das duas Casas. E pediu que tais parlamentares ajudassem também o governo na escolha dos novos líderes.

Revisão da meta

Ele teria mencionado também, a expectativa do Executivo em trabalhar para que seja votado pelo Congresso Nacional, até o final do mês, a proposta de revisão da meta fiscal. A aprovação dessa proposta é tida como primordial para os ajustes a serem feitos pela equipe econômica que assume seus cargos a partir desta terça-feira. Mas todos avaliam que a matéria precisa ser votada com um Legislativo coeso – enquanto o momento é de disputas por cargos e funções dentro das bancadas partidárias.

Ao ser questionado sobre o assunto, Geddel disse que “a questão das lideranças de governo na Câmara e Senado será solucionada logo”, evitando entrar em maiores detalhes. O ministro acrescentou, ainda, que “enquanto o presidente não designar quem são os nomes que vão exercer as lideranças, não temos dúvida de que os líderes dos partidos tocarão a pauta das duas casas sem nenhuma dificuldade”.

Os deputados saíram do encontro evitando falar em lideranças, até porque a questão não está definida. E, principalmente, sobre o imbróglio relacionado a Waldir Maranhão, cujo destino tem sido objeto de reuniões diversas.

Ao lado dos senadores, os deputados também consideraram positivo o fato do presidente ter tratado com eles sobre a escolha feita para a formação da equipe econômica, com explicações dadas por Temer. “Os nomes definidos são todos bem preparados e o presidente, ao agir dessa forma, mostrou interesse em conversar diretamente com os parlamentares”, afirmou o senador Álvaro Dias (PV-PR).

Por causa disso, as reuniões continuam, mas mesmo com os pedidos de calma, os parlamentares trabalham para que uma definição, tanto sobre Maranhão como sobre as novas lideranças, aconteça no máximo até sexta-feira (20).

Um adiantamento nessa discussão foi o novo presidente da Comissão Mista de Orçamento. O escolhido foi o senador Arthur Lira (PP-AL), em reunião realizada praticamente no mesmo momento em que acontecia a conversa entre o presidente interino e os líderes, no Palácio do Planalto