Grito pela Democracia

‘Temer nunca será presidente, sempre será golpista’, diz estudante

Para presidenta da Ubes, é preciso 'ocupar espaços' para não perder direitos. Dirigente da UNE vê momento de 'mobilização total'

mídia ninja

Em São Paulo, resistência ao governo ilegítimo de Temer cresce nas ruas e demais espaços públicos, como a Funarte

São Paulo – Pelo protagonismo em movimentos e ações desde o ano passado, os estudantes foram constantemente citados como exemplo de mobilização durante o Grito pela Democracia, realizado neste sábado (21), em São Paulo. O jornalista Luis Nassif, por exemplo, identificou um “renascimento da política” em um período adverso,  com retomada de “conceitos civilizatórios” como solidariedade, diversidade, tolerância e amizade. “É com essa rapaziada que vamos”, afirmou.

“Espaço vazio não existe. É isso que a gente precisa fazer, ocupar espaço”, disse a presidenta da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), Camila Lanes, destacando as ocupações feitas em mais de 200 escolas pelo país e, recentemente, na Assembleia Legislativa paulista. Também para ela, não há legitimidade no atual titular do Palácio do Planalto: “O Temer nunca será presidente. Ele sempre será um golpista interino”.

“Não dá para deixar a direita passar a mão nos nossos direitos. Não podemos baixar a guarda. Não dá para ficar quieto, desmobilizado”, disse Camila. Ela destacou que em uma das escolas ocupadas no Rio Grande do Sul os alunos decidiram mudar o nome da instituição, de Costa e Silva, um dos presidentes militares, para Edson Luís, estudante morto durante protesto em 1968.

A presidenta do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), Maria Izabel Azevedo Noronha, a Bebel, disse que cada subsede da entidade será um local de resistência contra o golpe. “Não vejo outra saída a não ser na rua. O senhor Temer terá muita dificuldade conosco”, afirmou.

Para a segunda vice da União Nacional dos Estudantes (UNE), Tamires Gomes Sampaio, o momento é de “mobilização total”. “Não aceitamos uma democracia racista, machista, homofóbica”, afirmou a primeira negra a presidir o Centro Acadêmica do curso de Direito da universidade Mackenzie, em São Paulo. Ela foi a última a falar no evento, ao lado do advogado Gabriel Sampaio, primeiro negro, a assumir – interinamente – o Ministério da Justiça, no ano passado, durante viagem do então titular, José Eduardo Cardozo.

“Em dez dias de governo, já sentimos a capacidade destrutiva que eles têm, contra os trabalhadores, os estudantes, os artistas, todas as classes populares”, afirmou a estudante da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e militante Tamires Menezes, do Coletivo EducAção. “Sou de uma geração que teve oportunidades.”