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Justiça adia julgamento de jornalistas que denunciaram ex-secretário de Alckmin

Guido Cerri ajuizou ação contra reportagem da 'Revista da Adusp' sobre ligação do ex-secretário da Saúde com Organizações Sociais, que mantinham contratos com a pasta sob sua gestão

memória/ebc

Adusp vê processo movido por Cerri como tentativa de censura

São Paulo – A 1ª Vara Criminal da Justiça de São Paulo adiou ontem (2) o julgamento dos jornalistas Pedro Pomar, editor da revista da Associação dos Docentes da USP (Revista Adusp), Tatiana Merlino e Débora Prado, do mesmo grupo, para 1º de fevereiro de 2017. O processo foi ajuizado pelo ex-secretário estadual de saúde da gestão Geraldo Alckmin (PSDB) Guido Cerri em razão da matéria “Empresário do setor, Secretário de Saúde ‘dá as cartas’ em duas OS”.

A ação acusa os profissionais de promover “difamação”, sujeitando-os, em caso de condenação, a pena de detenção de três meses a um ano, mais multa. A Adusp considera a atitude como tentativa de censura, uma vez que o teor da matéria aponta para um possível desvio de conduta com a coisa pública.

Publicado em maio de 2013, o texto denuncia conflito de interesses na gestão do então secretário da Saúde, no período de janeiro de 2011 a agosto de 2013. Cerri é membro do Conselho de Administração do Hospital Sírio-Libanês e presidente licenciado da Fundação Faculdade de Medicina (FFM). A FFM possui registro de Organização Social, bem como o Instituto de responsabilidade Social Sírio-Libanês, e ambas as OS mantinham na ocasião diversos contratos com a pasta da saúde.

A juíza Aparecida Angélica Correira decidiu postergar o julgamento por falta de convocação adequada a algumas testemunhas. Segundo os réus, a magistrada considerou ainda haver equivoco processual por parte da acusação. Cerri apresentou nova testemunha, sem protocolar nos autos do processo.

Já foram agendadas três audiências de conciliação entre as partes. Os réus compareceram em todas. Cerri foi a uma delas, depois de a juíza afirmar sinalizar a possibilidade do arquivamento do processo por desinteresse do autor. O ex-secretário exigiu, na ocasião, que os jornalistas se retratassem e respondesse pela publicação de um texto em resposta à reportagem em jornal de grande circulação. Os profissionais não aceitaram, alegando que durante a reportagem procuraram Cerri, sem sucesso, para dar-lhe a palavra na matéria.

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