recálculo

Sem questionar, governo Alckmin pagou 290% a mais à OAS por Rodoanel Norte

Segundo jornal, obra, que hoje não apresenta nem metade de sua conclusão ainda deve receber aditivos que acrescentarão ao menos 10% no valor total inicialmente licitado

Milton Michida/ASCOM

Polícia Federal de São Paulo investiga em inquérito os aditivos no contrato que reajustaram a terraplanagem

GGN – A Polícia Federal investiga o contrato da empreiteira OAS com a empresa Dersa, controlada pelo governo paulista Geraldo Alckmin (PSDB), nas obras do Rodoanel Norte, que sem ouvir técnicos recebeu R$ 390 milhões de recálculo de um trecho adicional. Para o incremento do que representou 290% a mais do custo da terraplanagem do espaço, a estatal paulista assinou um relatório produzido pela própria OAS. A reportagem é do jornal Folha de S. Paulo, em sua edição de hoje (30)

O documento da empreiteira precisava ter a confirmação de um técnico responsável especialista, como geólogo ou geotécnico, mas não tem, afirma a Folha. O relatório apenas diz que o projeto original da Dersa não previu a grande quantidade de rochas existentes no local, que dificultavam a terraplanagem e justificariam o aumento de 290% no custo do serviço.

A empresa controlada pelo governo estadual de Alckmin concordou com o argumento, sem consultar as áreas técnicas ou especialistas, incluindo os próprios setores de Projeto da Dersa – que supostamente teria errado ao não prever as condições expostas – e o Planejamento.

A obra que hoje não apresenta nem metade de sua conclusão deve, ainda, receber outros aditivos que acrescentarão ao menos 10% no valor total da obra licitada, em 2012, prevista à época pela quantia de R$ 3,9 bilhões.

De acordo com a reportagem, que não especificou em sua manchete de capa, título ou linha-fina a relação da obra com o governo tucano, as obras também atrasaram pela demora nas desapropriações – uma responsabilidade, também, do governo estadual para o Rodoanel Norte. Com isso, a obra prevista para março deste ano ficou para 2018.

Agora, a PF de São Paulo investiga em inquérito os aditivos no contrato que reajustaram a terraplanagem, em setembro de 2015. Os documentos são alvos de interesse não somente os investigadores do núcleo paulista, como também da equipe da Lava Jato, uma vez que contratos da OAS para grandes obras, como nos casos da Petrobras, são investigados.

Além da OAS, o Consórcio Mendes Júnior-Isolux, a Acciona Infraestrutura e a Construcap-Copasa também são responsáveis por outros lotes do Rodoanel Norte. Apesar de o maior aumento ocorrer no lote 2, da OAS, todos eles sofreram aditivos semelhantes, em apuração na PF.