Impeachment

CUT: Maranhão ouviu ‘voz das ruas’, mas golpe ainda precisa ser barrado

Central considera decisão de presidente interino da Câmara 'extremamente bem fundamentada'. Mas acrescenta que só mobilização pode vencer golpistas e reforça convocação a protesto nesta terça

Marcia Minillo/rba

Manifestação em 18 de março, em São Paulo, maior ato anti-impeachment convocado por centrais e movimentos sociais

São Paulo – A CUT considerou “extremamente bem fundamentada” a decisão do presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), de anular a sessão que aprovou o processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Segundo nota da executiva nacional da entidade, o deputado ouviu “a voz das ruas, que protesta diariamente contra o golpe em curso no Brasil”.

Ao mesmo tempo, a central avalia que a pressão para tirar Dilma do poder vai continuar. Nesse sentido, afirma que o dia nacional de paralisação, nesta terça-feira (10), é “essencial” para o país e para os trabalhadores. “E é nas ruas que a gente vai impedir definitivamente este golpe contra o Brasil e contra a classe trabalhadora”, diz a CUT.

“A decisão de Maranhão demonstra que é correta a postura dos movimentos sociais de denunciar mundialmente que no Brasil não está acontecendo um processo de impeachment e, sim, um golpe contra a democracia e contra os direitos dos trabalhadores, um golpe forjado em uma Câmara dos Deputados presidida por um delinquente, segundo afirmou o procurador-geral da República, Rodrigo Janot”, afirma a central. “A pressão das ruas, dos trabalhadores, da juventude, dos artistas e dos juristas, no Brasil e no mundo todo, levou ao afastamento de Cunha da Câmara dos Deputados e a perda do controle do golpe que ele e o vice-presidente Michel Temer vêm arquitetando para tomar o poder e assumir a presidência da República sem terem conquistado um voto sequer.”

Para a CUT, o presidente interino da Câmara “listou a forma irregular e ilegal como o processo de impeachment foi conduzido”, determinando nova votação. Na nota, a central destaca três “vícios” que, segundo Maranhão, ocorreram na votação: os partidos não poderiam ter fechado questão (os deputados deveriam votar conforme suas convicções pessoais); os parlamentares não poderiam anunciar seus votos publicamente antes da conclusão do processo; e o agora ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), “o líder do golpe”, desconsiderou o regime interno da Casa.