na presidência

Romero Jucá nega que PMDB esteja ‘pregando o golpe’

Em primeiro discurso como novo comandante do partido, senador por Roraima alfinetou Renan Calheiros, afirmou que legenda não discutiu impeachment e que Eduardo Cunha 'não é o PMDB'

Edilson Rodrigues/ Agência Senado

“A saída está na Constituição. Qualquer outra saída mirabolante é golpe”, diz novo presidente do PMDB

São Paulo – Em seu primeiro discurso como presidente do PMDB, após o vice-presidente da República, Michel Temer, ter se licenciado hoje (5) do comando do partido, o senador Romero Jucá (RR) usou de ambiguidades, alfinetou o presidente do Senado e correligionário, Renan Calheiros (AL), e afirmou que o PMDB ainda não tem posição formada sobre o impeachment. “O PMDB não está pregando o golpe”, garantiu, em discurso no plenário do Senado.

Segundo ele, a decisão do plenário da Câmara dos Deputados, sobre o impedimento ou não da presidenta Dilma Rousseff, não foi tomada pelo partido. “O impeachment será discutido no momento apropriado. Alguns não concordaram (com o desembarque do governo) e não foram lá defender sua posição. Alguns disseram que a decisão foi precipitada e pouco inteligente. Não acho que foi precipitada. A decisão foi pouco inteligente? É inteligente cuidar da nossa vida e deixar o povo ao léu?”, disse.

Na quinta-feira passada (31), Renan, considerado aliado do governo no Congresso, afirmou que a reunião do PMDB que decidiu pela saída do governo “foi, sem dúvida, precipitada”. O presidente do Senado disse também que, “em bom português, (significa) que não foi um bom movimento, um movimento inteligente”.

Em aparte, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) disse a Jucá que Temer procura “disfarçar o indisfarçável: ele está há muito tempo articulando freneticamente esse impeachment”. “Assustou o Brasil aquela foto de Eduardo Cunha com as mãos para cima (no dia em que o PMDB oficializou a saída do governo). Temer e Eduardo Cunha são a chapa do golpe. Se Temer tiver um problema assume Eduardo Cunha? Estamos num processo de aprofundamento de uma crise permanente”, disse o petista.

“Eduardo Cunha não é o PMDB, ele faz parte do PMDB”, respondeu Jucá. “Ele tem direito de se defender. O PMDB apoia a Lava Jato e entendemos que todos devem ser investigados.”

Segundo Lindbergh, o projeto Uma Ponte para o Futuro, do PMDB, que seria implementado por um eventual governo de Michel Temer, “acaba com o legado de Ulysses Guimarães, de Getúlio Vargas e de Lula. Atinge o legado de Vargas porque vocês insistem em colocar o negociado em lugar do legislado. Isso é rasgar a CLT”, disse o petista.

O novo presidente do PMDB defendeu Temer dizendo que ele “foi vítima de uma série de ataques”. “Fui um dos que falei a ele que tinha de preservar a autoridade do cargo.” A tese de que Jucá assume a presidência da sigla para “blindar” Temer de ataques é disseminada pela mídia desde a manhã de hoje.

Tentando mostrar tom conciliador, Jucá negou que o PMDB pretenda participar de um golpe. “O Congresso tem que encontrar a saída. E a saída é colocar (o impeachment) a votar, e cada um colocar sua posição. A crise só terá solução se tiver 342 pelo impeachment ou pelo não impeachment. Se (os deputados) se ausentarem, não haverá credibilidade. A saída está na Constituição. Qualquer outra saída mirabolante é golpe. Renúncia de todo mundo e novas eleições não está na Constituição”, discursou Jucá. “A regra tem que ser cumprida. A saída é majoritariamente o Congresso se afirmar e os partidos se posicionarem. Não vou descredenciar (do partido) quem pensa diferente. Entendemos que as bases do entendimento com o governo do PT tinham ruído.”


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